O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, viaja aos Estados Unidos neste domingo (23) para participar de negociações “cruciais” sobre a guerra na Faixa de Gaza contra o movimento islâmico palestino Hamas e o aumento da tensão no Líbano com o grupo pró-Irã Hezbolá.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apelou à aceleração do processo de desbloqueio do envio de armas e munições por parte dos Estados Unidos, aliado histórico do país, depois de o chefe do governo israelita ter criticado o atraso no fornecimento nos últimos meses.
Netanyahu disse ao seu gabinete neste domingo (23) que o “desentendimento” com Washington, que critica o elevado número de mortes de civis em Gaza, será resolvido em breve.
“À luz do que ouvi no dia passado, espero e acredito que esta questão será resolvida num futuro próximo”, acrescentou.
Num momento de tensão entre Israel e os Estados Unidos, o Ministro da Defesa Yoav Gallant viaja a Washington para, nas suas próprias palavras, “abordar os acontecimentos em Gaza e no Líbano”.
“Nossos laços com os Estados Unidos são mais importantes do que nunca. Nossas reuniões com autoridades americanas são cruciais para a guerra”, disse Gallant em comunicado.
A fronteira norte de Israel, com o Líbano, é palco de um aumento da violência entre o Exército israelita e o Hezbollah, aliado do Hamas, o que levanta receios de que o conflito se alastre a outros países do Médio Oriente.
O grupo pró-Irão anunciou este domingo que atacou duas posições militares no norte de Israel com drones, em resposta à morte de um dos seus comandantes.
“Dezenas de alvos terroristas”
Em Gaza, os bombardeamentos israelitas continuam incessantemente. Testemunhas relataram ataques este domingo nas proximidades e no centro da cidade de Rafah, no extremo sul do território palestino, onde o Exército iniciou uma ofensiva terrestre em 7 de maio.
Também foram relatados bombardeamentos na Cidade de Gaza, a norte, e tanques abriram fogo contra o campo de refugiados de Nuseirat, no centro.
O Exército israelense indicou que caças atacaram no sábado “dezenas de alvos terroristas na Faixa de Gaza, incluindo instalações militares e infraestrutura, em operações direcionadas” em Rafah.
“Os terroristas foram eliminados em combates corpo a corpo e por franco-atiradores e drones” no centro do território, acrescenta uma nota militar.
A guerra começou em 7 de outubro, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, segundo um relatório baseado em dados oficiais israelenses.
Também sequestraram 251 pessoas, das quais 116 permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 41 que teriam morrido, segundo o Exército israelita.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, que deixou pelo menos 37.598 mortos, também na sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território.
“Retire este governo”
Netanyahu, por quem Israel trava uma “guerra pela sua existência”, está cada vez mais sob pressão no país.
Mais de 150 mil pessoas, segundo os organizadores, participaram no sábado numa manifestação em Tel Aviv contra o governo de Netanyahu: o grupo apelou a eleições antecipadas e ao regresso dos reféns.
“A única maneira de conseguir mudanças aqui é remover este governo, remover os extremistas”, declarou Maya Fischer, uma manifestante de 36 anos, durante o protesto, o maior desde o início da guerra.
“É hora de acabar com a guerra, trazer os reféns e salvar vidas, tanto do lado israelense quanto do palestino”, acrescentou.
As negociações para um cessar-fogo estão paralisadas. Netanyahu insiste que continuará a guerra até à destruição do Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Quase 2,4 milhões de pessoas estão aglomeradas e à beira da fome no estreito território palestino, segundo a ONU.
“Mais de um milhão de pessoas estão em constante movimento, à procura de um local seguro, mas não há local seguro no território”, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
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