Um satélite, construído por França e China, foi lançado neste sábado (21) com o objetivo de detectar explosões colossais no universo, um exemplo de cooperação entre o país asiático e uma potência ocidental.
Desenvolvida por engenheiros dos dois países, a missão, conhecida como “Svom” (‘Monitor de Objetos Variáveis Espaciais’), tem como objetivo pesquisar explosões de raios gama, autênticos fósseis luminosos que poderiam conter mais informações sobre a história do espaço. universo.
O satélite de 930 quilos, que inclui quatro instrumentos (dois chineses e dois franceses), foi lançado às 15h deste sábado (4h de Brasília) a bordo de um foguete chinês Longa Marcha 2-C a partir da base espacial de Xichang, na província de Sichuan. , sudoeste do país.
As explosões de raios gama geralmente acontecem após a explosão de estrelas massivas (que têm mais de 20 vezes a massa do Sol) ou a fusão de estrelas compactas.
Esses flashes, resultado das explosões mais poderosas do universo, geram uma luminosidade colossal que pode emitir energia equivalente a mais de um trilhão de sóis.
Observar estes fenómenos cósmicos “é um pouco como voltar no tempo, já que a sua luz demora muito tempo a chegar à Terra, milhares de milhões de anos no caso dos mais distantes”, explicou Frédéric Daigne, do Instituto de Astrofísica de Paris e um dos principais especialistas em explosões de raios gama.
À medida que esta luz viaja pelo espaço, ela também passa por diferentes gases e galáxias, carregando trilhas que incluem informações excepcionais sobre a história e a evolução do universo.
“Estas são explosões cósmicas muito extremas que nos permitem compreender melhor a morte de algumas estrelas”, acrescentou Daigne.
Corrida contra o tempo
A explosão de raios gama mais distante identificada até agora ocorreu apenas 630 milhões de anos após o Big Bang, ou seja, 5% da idade atual do Universo.
As informações também podem ajudar a compreender a composição do espaço, a dinâmica dos gases e de outras galáxias.
O satélite, colocado na órbita terrestre a 625 km de altitude, enviará as informações para observatórios na Terra. A extrema brevidade das explosões de raios gama forçará os cientistas a reagir muito rapidamente para recolher informações.
Quando o Svom identificar uma, enviará um alerta e, em menos de cinco minutos, os cientistas ativarão uma rede de telescópios que ficarão alinhados precisamente no eixo de origem da explosão para obter mais dados.
O projeto é resultado de uma colaboração entre as agências espaciais da França (CNES) e da China (CNSA), que conta também com a participação de outras organizações científicas e técnicas dos dois países.
Cooperações como esta entre a China e o Ocidente não são muito comuns a este nível, especialmente desde que o governo dos Estados Unidos proibiu a NASA de qualquer cooperação com Pequim no sector espacial em 2011.
A China e a França já lançaram conjuntamente, em 2018, um satélite oceanográfico utilizado para meteorologia marinha. E vários países europeus também participam no programa de exploração lunar Chang’e da China.
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