Musk defende uso de IA na criatividade e deixa recado para marcas que baniram publicidade no X

O bilionário dono da fabricante de carros elétricos Tesla, a rede social, 19.

Ao subir ao palco do Palácio dos Festivalis, o empresário defendeu o uso da inteligência artificial na criatividade, criticou o que chamou de “campanhas monótonas” e projetou que as empresas que se adaptarem às novas ferramentas tecnológicas – como a IA generativa – terão mais sucesso em negócios no futuro.

Milhares de membros da comunidade criativa acompanharam, dentro e fora do auditório, a conversa entre o empresário e o CEO global da gigante publicitária britânica WPP, Mark Read.

Durante pouco mais de 40 minutos, Musk e Read debateram as próximas fronteiras da inovação nas plataformas digitais, falaram sobre as mudanças que a inteligência artificial generativa trará para o mercado criativo e também analisaram como essas ferramentas podem impulsionar a criatividade no mundo.

Um dos principais temas do festival, os próximos passos da indústria com o uso da inteligência artificial dominaram grande parte da conversa.

Ao ser questionado sobre como vê o avanço dessas plataformas em relação à criação de conteúdo autoral, Musk afirmou que “a inteligência artificial ampliará a nossa criatividade”, ele também acredita que, em algum momento, esses sistemas terão atingido um patamar tecnológico capaz de efetivamente criar ideias e não apenas pasteurizar conteúdo pré-existente. O bilionário projeta que estas mudanças poderão ser vistas muito em breve, talvez em menos de um ano.

Em tom de brincadeira, o executivo da WPP rebateu: “Na verdade, não há futuro para nós. Você deveria inspirar jovens criativos, e não dizer que eles não terão emprego”, brincou Read na entrevista.

Ao ser questionado pelo CEO da WPP se o empresário tinha medo dos avanços da inteligência artificial em relação à segurança humana, Musk afirmou que, mesmo no pior cenário, espera estar presente para ver os avanços dessas ferramentas.

Porém, o bilionário não espera viver para sempre, e acrescentou que espera “viver muito”, mas em algum momento a morte deve chegar para todos.

“Em algum momento teremos que morrer”, diz ele.

Otimista e em defesa do avanço tecnológico na criatividade, e no mundo empresarial em geral, Musk sublinhou que as empresas que serão fortes no futuro serão precisamente aquelas que melhor se adaptarem a esta nova realidade. “As empresas que sobreviverão no futuro serão aquelas que souberem usar bem as ferramentas de IA”, afirma.

Outro momento de descontração na conversa entre os presidentes no Teatro Lumière veio com as críticas do bilionário ao que chamou de publicidade chata, que faz as pessoas se arrependerem de assistir aos comerciais. “Você já viu um comercial que se arrepende de ter assistido e acha que queria aqueles segundos de volta na sua vida”, brincou.

Retorno de anunciantes

Na entrevista ao executivo da WPP, Musk foi questionado sobre algumas das polêmicas que cercam o mercado criativo, como a decisão de alguns anunciantes de proibir a publicidade no X diante de publicações do dono da rede social acusado de antissemitismo .

Na época, nomes como Apple, IBM, Disney, Lionsgate – entre outras gigantes do setor – anunciaram a retirada definitiva de seus investimentos publicitários do site.

Em resposta ao Read, Musk defendeu mais uma vez sua política de liberdade de expressão irrestrita na plataforma e deixou um recado aos anunciantes, dizendo que X é a melhor plataforma para quem quer se conectar com as pessoas que realmente importam no mundo, e não apenas influenciadores digitais.

“Se você deseja alcançar as pessoas mais influentes do mundo, os tomadores de decisão, as pessoas que não são apenas influenciadores nas redes sociais, mas na verdade aqueles que governam os países, os intelectuais, as pessoas importantes, a plataforma X é de longe a melhor escolha”, defendeu o bilionário.

Capacidade máxima e protagonista do dia

Com filas intermináveis, que começaram a se formar horas antes da chegada de Musk ao Palácio dos Festivais, milhares de anunciantes, influenciadores e executivos ocuparam todos os 2.309 assentos do auditório do Teatro Lumière à espera do empresário.

Sem espaço para acomodar todos no auditório, algumas dezenas de visitantes do festival tiveram que assistir ao debate do CEO na transmissão oficial do festival nas TVs espalhadas pela organização do Cannes Lions.

A presença de Musk emocionou tanto o terceiro dia do festival que ele conseguiu “esvaziar” algumas das principais ativações de gigantes da tecnologia – como Google, Meta e Spotify – que ocupavam toda a faixa de areia da praia da avenida La Croisette, em o centro de Cannes.