Os rebeldes Houthi, que controlam parte do Iêmen, afirmam ter lançado, nesta sexta-feira (27), ataques contra embarcações militares dos EUA no Mar Vermelho e contra pelo menos duas cidades de Israel.
A milícia faz parte do chamado “Eixo da Resistência”, comandado pelo Irão e prometeu realizar novas ações “em solidariedade com os nossos irmãos na Palestina e no Líbano”.
Num discurso transmitido pela televisão iemenita controlada pelo grupo, o porta-voz Houthi, Yahya Saree, disse ter lançado pelo menos 23 mísseis e um drone “kamikaze” contra três destróieres americanos no Mar Vermelho.
As embarcações, segundo ele, estavam a caminho de Israel, onde atuariam para proteger o país contra mísseis, foguetes e drones.
Citado pela Reuters, sob condição de anonimato, um representante das Forças Armadas dos EUA disse que navios norte-americanos interceptaram uma série de projécteis ao longo de sexta-feira, mas que, segundo informações iniciais, não houve danos nos destróieres ou outros. navios na mesma área.
Saree também confirmou o lançamento de ataques contra Tel Aviv, a maior cidade de Israel, e Ashkelon, na costa do Mediterrâneo, onde existe um porto e um terminal de petróleo e gás.
Na madrugada desta sexta-feira, horas antes do discurso, os militares israelenses emitiram um alerta para toda a região central do país, e afirmaram, em comunicado, que “um míssil lançado do Iêmen foi interceptado pelo sistema Arrow-3 fora do país”. o território” do Iémen. país, supostamente destinado a Tel Aviv.
As Forças Armadas disseram não ter informações sobre o suposto ataque de drones em Ashkelon.
Lançamento de mísseis
Estima-se que desde o início da guerra em Gaza, os Houthis tenham lançado cerca de 220 mísseis balísticos, de cruzeiro e drones contra Israel, sendo a cidade portuária de Eilat, no sul, um alvo recorrente.
A maioria dos projéteis foi interceptada, mas em julho um drone conseguiu contornar os sistemas de defesa e atingiu um prédio de apartamentos em Tel Aviv, deixando um morto e pelo menos 10 feridos.
Apesar de estarem a 1.800 km de Israel, os Houthis, que fazem parte do chamado “Eixo da Resistência”, liderado pelo Irão, afirmam que os ataques são uma forma de demonstrar solidariedade com o grupo terrorista Hamas, alvo da operação militar que começou em Outubro do ano passado no enclave palestiniano.
Além dos lançamentos contra Israel, embarcações que passam pelo Estreito de Bab el-Mandeb, que liga o Oceano Índico ao Mar Vermelho, rumo ao Mar Mediterrâneo, são alvo de foguetes e tentativas de sequestro. Antes da guerra, até 15% de todo o comércio global passava pela área.
Solidariedade com o Hezbollah
Com a ofensiva israelita no Líbano, os Houthis afirmam que vão intensificar os ataques, agora também em solidariedade com o Hezbollah — outro membro do “Eixo da Resistência”.
— As Forças Armadas do Iémen (os Houthis consideram-se o governo legítimo do país) realizarão novas operações militares contra o inimigo israelita em triunfo pelo sangue do nosso povo na Palestina e no Líbano, e não deixarão de apoiar operações militares durante os próximos dias até que a agressão israelense contra Gaza e o Líbano cesse – disse Saree.
Israel não sinalizou se responderá. Há cerca de 10 dias, um míssil lançado pelos Houthis caiu nos arredores de Tel Aviv, sem deixar vítimas.
Foram ouvidas explosões nos céus da região centro do país e as autoridades afirmaram que foram causadas por sistemas de intercepção, que não conseguiram abater o projéctil enquanto este ainda estava no ar.
A retaliação de Israel
Na altura, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, prometeu retaliar.
Em julho, após o ataque que deixou uma pessoa morta em Tel Aviv, Israel realizou um bombardeio devastador no porto de Hodeida, principal porto controlado pelos Houthis, causando a morte de seis pessoas e provocando um grande incêndio.
Na altura, um representante da milícia, Mohammed al-Bukhaiti, disse à Al-Jazeera que o ataque de Israel aos “estabelecimentos civis” deveria ser recebido com “uma resposta dolorosa”.
— Quando participamos nesta guerra, entendemos que pode haver sacrifícios e perdas, mas a nossa posição é justa e ética e nunca irá parar até que a entidade sionista pare com os seus crimes em Gaza — disse al-Bukhaiti.
Rede de milícias
Além dos Houthis, o porto de Eilat foi atingido por um drone lançado pela Resistência Islâmica Iraquiana, uma rede de milícias xiitas aliadas ao Irão.
Segundo as autoridades, o ataque causou danos leves e deixou duas pessoas feridas, mas não com gravidade.
Um segundo drone foi usado na ação, mas foi abatido por um navio israelense na costa.
Desde o início da semana, a coligação armada tem levado a cabo ataques semelhantes noutras partes de Israel e, tal como os Houthis, afirma que as suas ações ocorrem “em solidariedade” com o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano.
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