O governo do presidente argentino Javier Milei se dissociou da responsabilidade pelo salto abrupto da pobreza no país, que aumentou para 52,9% da população, declarou nesta sexta-feira (27) um porta-voz presidencial.
O número “é consequência de 20 anos de populismo e destruição (…) Pegámos no desastre e estamos a corrigi-lo”, disse o porta-voz Manuel Adorni durante uma conferência de imprensa.
A pobreza na Argentina atingiu 52,9% da população no primeiro semestre de 2024, um forte aumento de 11,2 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023, informou esta quinta-feira o Instituto estatal de Estatística.
A indigência também aumentou 6,2 pontos, ficando em 18,1%.
O porta-voz garantiu que, segundo dados não divulgados do Ministério do Capital Humano, a pobreza atingiu “picos máximos de quase 55% no primeiro trimestre” e, com base nesta afirmação, sustentou que o governo conseguiu reduzi-la no trimestre seguinte. .
“Estávamos vindo do abismo”, disse ele, relativizando o impacto social das medidas de ajuste fiscal do governo.
Nos primeiros três meses do ano, a Argentina registou um excedente fiscal de 0,4% do Produto Interno Bruto, embora à custa de uma contracção que fez com que o PIB caísse 1,7% no segundo trimestre face ao anterior, aprofundando a recessão e desemprego.
Questionado sobre se os números da pobreza irão calibrar as medidas futuras, Adorni destacou que “o grande ajuste já foi feito”.
“Hoje esse ajuste será muito cirúrgico, área por área”, explicou. Contudo, esclareceu, para o governo, “a motosserra não tem fim”.
A motosserra foi um símbolo da campanha eleitoral de Milei para promover a sua política de rigor fiscal.
“Tudo o que pudermos cortar, cortaremos até o último dia de existência no nosso governo”, destacou Adorni.
Milei chegou ao poder em dezembro de 2023 com popularidade altíssima, mas começou a cair nos últimos tempos.
O índice de confiança no governo está em 2,16 pontos em uma escala de 0 a 5, o nível mais baixo até o momento, segundo estudo da universidade privada Torcuato Di Tella.
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