Um especialista em TI de 32 anos foi preso na Austrália como parte de uma operação policial internacional sob suspeita de ser o mentor de um aplicativo de mensagens criptografadas para o crime organizado, anunciaram a polícia local e a Europol nesta quarta-feira (18).
A Polícia Federal Australiana afirma que o aplicativo, conhecido como Ghost, se promoveu como “inhackeável” e foi usado por centenas de supostos criminosos na Itália, no Oriente Médio e na Ásia.
A plataforma foi desmantelada, a polícia europeia Europol saudou.
Há dois anos, uma força policial internacional conseguiu invadir a rede e descobrir que seus usuários negociavam vendas de drogas e operações de lavagem de dinheiro ou ordenavam assassinatos.
As autoridades atuaram na terça e quarta-feira com a detenção de alegados criminosos provenientes de Itália, Irlanda, Suécia, Canadá e Austrália, incluindo o “cérebro” da aplicação.
A diretora executiva da Europol, Catherine de Bolle, disse que forças de segurança de nove países participaram na operação internacional.
“Hoje deixamos claro que, por mais ocultas que estejam, as redes criminosas não podem escapar aos nossos esforços coletivos”, afirmou.
O aplicativo Ghost foi criado há nove anos e só podia ser acessado por meio de smartphones modificados, vendidos por 2.350 dólares australianos (8.728 reais).
O preço incluía uma assinatura de seis meses do aplicativo e um serviço de suporte técnico, disse a polícia australiana.
A gendarmaria francesa rastreou a localização do seu criador até à Austrália e uniu forças com a polícia local para derrubar a plataforma.
Embora seu criador publicasse atualizações de software com frequência, a polícia australiana conseguiu em 2022 modificar essas atualizações e acessar o conteúdo dos dispositivos.
O subchefe da Polícia Federal, Ian McCartney, explicou que o criador do aplicativo morava em Nova Gales do Sul, na casa dos pais, e não tinha antecedentes criminais.
Ele era movido por dinheiro e ficou “um pouco surpreso” quando a polícia o prendeu na terça-feira, disse ele.
A polícia acusou-o de cinco crimes, incluindo apoio a organização criminosa, crime punível com até três anos de prisão.
No total, foram detidos 51 suspeitos: 38 na Austrália, 11 na Irlanda, um no Canadá e outro em Itália, pertencentes ao grupo mafioso Sacra Corona Unita.
Na Austrália, 50 tentativas de homicídio foram desmanteladas. Num caso, os investigadores interceptaram a imagem de uma pessoa com uma arma apontada à cabeça, que foi salva in extremis, disse a polícia local.
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