A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou que deixará Rússia após 32 anos de atividade, depois que as autoridades de Moscou decidiram retirá-la da lista de organizações estrangeiras autorizadas.
Outras organizações humanitárias e ambientais ocidentais, como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) ou o Greenpeace, também foram classificadas como “indesejáveis” desde o início da ofensiva em Ucrâniao que implicou a proibição de atividades na Rússia.
A organização afirmou num comunicado que no mês passado recebeu uma carta do Ministério da Justiça russo informando-a de que tinha sido retirada do registo de ONG estrangeiras.
No momento, a entidade atua em outras partes do mundo onde há conflitos, como o Haiti. Num cenário onde tiroteios e balas perdidas se tornaram rotina, organizações humanitárias, como MSF, trabalham sob pressão e medo constante de novos confrontos entre gangues rivais em locais próximos às suas unidades de serviço.
É o caso de Jacob Burns, coordenador do projeto de MSF na área de Cité Soleil, na capital. Para o escocês, que trabalha na ONG desde 2018 (e no Haiti há cerca de um mês), o cenário é desolador e a atuação do grupo no país tem sido cada vez mais difícil, com fechamento de hospitais e ameaças a médicos integrantes da equipe. Mas, para grande parte da população do país, de pouco mais de 11,5 milhões de habitantes e afundada na pobreza, “somos uma das únicas opções para quem não tem dinheiro”, disse ao GLOBO em entrevista exclusiva.
“Tem sido muito difícil, há muita instabilidade. Quando há confrontos como esse, não são só as pessoas atingidas por tiros que são afetadas diretamente. Recebemos uma mulher que teve eclâmpsia pós-parto e, infelizmente, sofreu convulsões durante três horas em casa O marido dela não conseguiu levá-la imediatamente ao hospital por causa do tiroteio e, quando finalmente chegaram, já era tarde e a mulher morreu”, explicou.
No ano passado, MSF informou que três médicos morreram num ataque ao hospital Al-Awda em Jabalia, uma cidade no norte da Faixa de Gaza. A cidade está cercada pelo exército israelense e dezenas de palestinos que trabalhavam ou foram hospitalizados também ficaram feridos. Entre os mortos estavam Mahmud Abu Nujaila e Ahmad al Sahar, dois médicos que trabalhavam para MSF, enquanto Ziad al Tatari era funcionário do hospital Al-Awda.
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