O presidente do Equador, Daniel Noboa, disse nesta segunda-feira (16) que apresentará ao Congresso um projeto de reforma parcial da Constituição, com o objetivo de eliminar a proibição de bases militares estrangeiras em território nacional.
“Apresentaremos à Assembleia Nacional um projecto de reforma parcial da Constituição que altera substancialmente o artigo 5.º da Constituição, que proíbe o estabelecimento de bases militares estrangeiras e instalações para fins militares”, disse o presidente num vídeo publicado nas redes sociais. .
Vestido com uma jaqueta de couro e gravando no local que durante uma década foi uma base militar americana no porto pesqueiro de Manta (sudoeste), Noboa garantiu que seu país, que em janeiro se declarou em conflito armado interno diante de uma ofensiva de quadrilhas de narcotráfico, necessita de uma “resposta nacional e internacional”.
A base americana em Manta, cuja localização é considerada estratégica por estar no centro da costa do Pacífico equatoriano, funcionou até 2009, quando terminou um acordo antidrogas entre Washington e Quito.
Um ano antes, os equatorianos aprovaram uma nova Constituição, promovida pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), que proibia a instalação de bases militares estrangeiras no país.
Sem maioria no Congresso, onde a principal força é a oposição, Noboa fez um apelo aos legisladores. “Chegou a hora da Assembleia Nacional, de uma vez por todas, decidir de que lado da história está”, disse ele.
“O tempo mostrou-nos que as antigas decisões apenas enfraqueceram o nosso país face a ameaças que hoje não conhecem fronteiras e não têm piedade”, disse ele.
Os críticos de Correa sustentam que, após a retirada da base de Manta, o tráfico de drogas cresceu no Equador. Em 2010, um ano após a retirada da instalação militar, foram apreendidas 18,2 toneladas de droga, enquanto em 2023 foi registado um recorde de 219 toneladas, segundo dados oficiais.
O Equador e os Estados Unidos aliviaram as tensões durante o governo de Lenín Moreno (2017-2021), ex-aliado de Correa. Quito autorizou, na época, sobrevoos de aeronaves norte-americanas do arquipélago de Galápagos (a 1.000 km da costa nacional) para combater o narcotráfico.
Noboa tem soldados nas ruas com ordens de neutralizar mais de uma dezena de organizações criminosas consideradas terroristas e beligerantes, que têm ligações com cartéis no México e na Colômbia, bem como com a máfia albanesa, segundo as autoridades.
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