As esperanças de um tratamento de radioterapia mais curto para mulheres que sofrem de cancro da mama estão a ganhar terreno entre os especialistas, de acordo com um estudo apresentado no principal congresso mundial de oncologia.
Três semanas de radiação em vez de cinco: esse seria o período de tratamento anunciado no congresso anual da Esmo, a Sociedade Europeia de Oncologia Médica, que acontece em Barcelona até terça-feira (17).
O estudo clínico de fase 3 (para verificar se um novo tratamento é melhor que um tradicional) avaliou 1.265 pacientes ao longo de cinco anos e comparou os efeitos da radioterapia padrão de cinco semanas com um novo regime “hipofracionado”, reduzido para três semanas.
Todas as mulheres sofriam de cancro da mama que afectava os gânglios linfáticos, o que significa que o tumor já não está localizado, mas se espalhou para os gânglios linfáticos.
Alguns dos pacientes do estudo receberam doses ligeiramente mais fortes em cada sessão, mas em geral um esquema reduzido.
“A partir de estudos anteriores, sabia-se que a eficácia da radioterapia mais curta era a mesma no caso de um tumor localizado, mas para as mulheres com gânglios linfáticos afetados, não havia até agora nada que demonstrasse que o número de sessões pudesse ser reduzido”, explicou à AFP Sofia Rivera, oncologista de radiação, chefe de serviço do Instituto francês Gustave-Roussy, que apresentou o estudo.
Para reduzir as sessões para três semanas, a dose de radiação foi ligeiramente aumentada a cada intervenção.
“Ao tratar o tórax, mas também os gânglios linfáticos, são abordados volumes muito maiores, que incluem tecidos saudáveis como pulmão, coração ou esôfago”, diz Rivera. Portanto, com uma dose mais forte, temia-se um aumento nos efeitos colaterais relacionados ao tratamento.
Mas os resultados dissiparam esse medo.
“Temos uma taxa de sobrevivência global, sobrevivência sem recidiva e sem metástase que é ainda melhor” com a terapia “hipofracionada”, afirma o oncologista.
Diante desses dados, é muito provável que uma radioterapia mais curta também seja proposta para mulheres com câncer de mama com linfonodos afetados, o que representa 30% dos tipos da doença.
“Isso significará tratamentos menos pesados; caminhamos claramente para uma redução da carga terapêutica. É uma melhoria na qualidade de vida”, comemora Rivera, acrescentando que também haverá uma redução nas listas de espera, com maior rotatividade em o uso de máquinas de radioterapia.
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