O exército russo afirmou nesta quinta-feira (12) que recuperou dez locais na região fronteiriça de Kursk, onde tropas ucranianas lançaram uma incursão no mês passado que pegou Moscou de surpresa.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, por sua vez, disse que as forças russas estão a realizar uma contra-ofensiva naquela área.
Esta operação ocorre numa altura em que o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, está na Polónia para discutir pedidos de ajuda militar da Ucrânia, que enfrenta uma invasão russa desde fevereiro de 2022.
Em Moscovo, o Ministério da Defesa anunciou que as forças russas “libertaram dez locais em dois dias” durante “operações ofensivas” na região de Kursk.
Estes são os primeiros sucessos militares reivindicados pelo exército russo nesta zona.
Segundo a Ucrânia, as suas tropas tomaram cerca de uma centena de locais e quase 1.300 km² de território russo desde o início da incursão no início de agosto.
Zelensky, ao relatar a contra-ofensiva, afirmou que a resposta de Moscovo “se enquadra no plano ucraniano”, sem fornecer mais detalhes.
A incursão ucraniana não reduziu a pressão das tropas russas na região de Donbass, no leste da Ucrânia, que se aproximam cada vez mais da estratégica cidade de Pokrovsk.
Segundo Zelensky, o bombardeio russo na área matou nesta quinta-feira três ucranianos, que estavam em veículos pertencentes ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Zelensky também acusou a Rússia de atacar um navio que transportava trigo para o Egito no Mar Negro.
Kiev critica “atrasos”
Blinken chegou a Varsóvia de trem vindo da Ucrânia, onde se encontrou na quarta-feira com Zelensky e com o ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy.
A Ucrânia solicita autorização para atacar profundamente a Rússia com mísseis de longo alcance fornecidos pelas potências ocidentais.
Zelensky criticou “o atraso” dos seus aliados nesta questão, que será discutida na sexta-feira em Washington pelo presidente norte-americano, Joe Biden, e pelo novo primeiro-ministro trabalhista britânico, Keir Starmer.
Até à data, os Estados Unidos não autorizaram Kiev a atacar alvos na Rússia com as suas armas, temendo uma escalada do conflito.
“Se necessário, iremos adaptar-nos, especialmente no que diz respeito aos meios que a Ucrânia dispõe para se defender eficazmente contra a agressão russa”, declarou Blinken em Varsóvia.
O secretário de Estado prometeu na quarta-feira em Kiev examinar “urgentemente” os pedidos ucranianos. “A vítima de uma agressão tem o direito de se defender”, afirmou.
A Rússia, que as potências ocidentais dizem ter recebido recentemente mísseis balísticos iranianos para uso na Ucrânia, prometeu uma resposta “apropriada” se ataques profundos forem autorizados no seu território.
“Não temos dúvidas de que a decisão de suspender as restrições ao uso de armas de longo alcance para atacar o território russo foi tomada há muito tempo”, disse o chefe da diplomacia de Moscou, Sergey Lavrov, na quinta-feira.
Não há água ou gás em Pokrovsk
Blinken também discutirá em Varsóvia o apelo do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiga, para que os países vizinhos abatam mísseis e drones russos quando sobrevoarem as regiões ocidentais da Ucrânia.
A situação na frente continua a deteriorar-se. Pokrovsk, importante centro logístico, está sob ameaça de ataque das tropas russas, que estão a menos de dez quilómetros de distância.
O abastecimento de água foi cortado devido aos combates, anunciou na quinta-feira a Câmara Municipal da cidade, que tinha cerca de 53 mil habitantes antes da guerra.
O governador regional Vadim Filashkin também relatou a destruição do sistema de abastecimento de gás.
“A cada dia que passa, há menos empresas em Pokrovsk e as condições de vida são cada vez mais difíceis”, alertou Filashkin no Telegram.
“A situação […] não vai melhorar num futuro próximo”, acrescentou a prefeitura, que voltou a pedir a evacuação dos moradores.
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