O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, chegou esta sexta-feira (6) a Cernobbio, no norte de Itália, onde participará num fórum económico, após uma visita matinal à Alemanha, onde pediu “mais armas” aos seus aliados.
Zelensky, que horas antes participou de uma reunião com o chanceler alemão Olaf Scholz, planejou um encontro com Giorgia Meloni, que deverá chegar no sábado ao fórum “A Casa Europeia – Ambrosetti” em Cernobbio.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, que se opõe à ajuda ocidental à Ucrânia para se defender da agressão russa, também participará no fórum.
A conversa entre Orban e Zelensky ainda não está confirmada, mas o húngaro disse “é claro” que se encontraria com o presidente ucraniano em Cernobbio se surgisse a oportunidade.
Zelensky participou esta sexta-feira de manhã na reunião dos seus aliados ocidentais na Alemanha e pediu “mais armas” para travar o avanço das tropas russas, particularmente no leste do seu território.
A Ucrânia, invadida por Moscou desde fevereiro de 2022, enfrenta avanços consideráveis das tropas russas no Donbass, região leste do país, e frequentes bombardeios devastadores.
O ataque mais recente ocorreu na terça-feira em Poltava, na região central da antiga república soviética, e deixou 55 mortos e mais de 300 feridos.
“Precisamos de mais armas para repelir as forças russas”, insistiu Zelensky na base aérea de Ramstein, no oeste da Alemanha.
O presidente ucraniano também apelou aos aliados para que cumpram os seus compromissos. “O número de sistemas de defesa aérea que não foram entregues é significativo”, criticou.
Zelensky pediu novamente o fim das restrições ao uso de armas ocidentais de longo alcance para atacar alvos dentro da Rússia.
“Precisamos ter esta capacidade de longo alcance, não apenas no território ocupado da Ucrânia, mas também em território russo”, disse ele.
O encontro foi organizado pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, que aproveitou o evento para anunciar que Washington concederá nova ajuda militar de 250 milhões de dólares (1,39 bilhão de reais) a Kiev.
Donbass: “objetivo prioritário”
A nova ajuda militar dos EUA incluirá munições para lançadores de foguetes de precisão HIMARS, munições de artilharia e armas antitanque e antiaéreas, disse uma fonte do Departamento de Defesa dos EUA que pediu anonimato.
A reunião na Alemanha, na qual participaram representantes de quase 50 países, abordou questões como o fortalecimento das defesas aéreas da Ucrânia e o desenvolvimento da indústria de defesa dos países aliados, disse o porta-voz do Pentágono, general Pat Ryder, antes da reunião.
Em Oslo, capital norueguesa, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, sublinhou que “a forma mais rápida de acabar com esta guerra é enviar armas para a Ucrânia”.
“Putin deve perceber que não pode vencer no campo de batalha, mas deve aceitar uma paz justa e duradoura na qual a Ucrânia prevaleça como nação soberana e independente”, declarou.
A reunião na Alemanha coincide com o avanço das tropas russas em Donbass, a bacia mineira no leste da Ucrânia, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia.
O presidente russo, Vladimir Putin, lembrou na quinta-feira que a captura desta região é o “objetivo prioritário” de Moscou.
Desde 2022, a Rússia reivindica a anexação das duas regiões de Donbass: Luhansk, que ocupa quase totalmente, e Donetsk, que controla apenas uma parte.
Putin também impôs como condição, antes de quaisquer negociações de paz, que Kiev se retirasse completamente das duas áreas, além das regiões meridionais de Kherson e Zaporizhzhia, das quais também reivindica a anexação.
Incerteza sobre o apoio a Kiev
Apesar da escassez de homens e armas, as forças ucranianas iniciaram uma grande ofensiva em 6 de agosto na região fronteiriça russa de Kursk, onde ocuparam centenas de quilómetros quadrados.
Um dos objectivos declarados de Kiev era forçar a Rússia a redistribuir as suas tropas estacionadas em Donbass.
Moscovo, no entanto, não adoptou esta estratégia e continuou o avanço sobre Donetsk, um centro logístico chave para as forças ucranianas.
As tropas de Kiev afirmaram esta sexta-feira ter reconquistado parte da cidade de Niu-York, no leste da Ucrânia, o seu primeiro sucesso nesta área da frente de batalha em vários meses.
Washington é a maior fonte de apoio da Ucrânia no conflito, com mais de 56 mil milhões de dólares em ajuda militar, segundo o Pentágono.
Mas o futuro do financiamento é incerto, apenas dois meses antes das eleições nos EUA, o que poderá devolver ao poder o cético Donald Trump.
A Alemanha, a segunda maior fonte de apoio económico de Kiev, também enfrenta pressão interna devido à sua ajuda à Ucrânia. O debate sobre a continuidade ou suspensão do apoio está no centro das discussões para o próximo orçamento do país.
O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, anunciou, porém, à margem da reunião, que seu país enviaria 12 peças de artilharia no valor de 166 milhões de dólares (930 milhões de reais) para Kiev.
“Agradeço à Alemanha, ao seu governo e ao seu povo por todo o seu apoio”, reagiu Zelensky nas redes sociais.
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