Os Estados Unidos, a União Europeia e nove países latino-americanos rejeitaram esta terça-feira o mandado de detenção emitido por um tribunal venezuelano contra o candidato da oposição Edmundo González Urrutia, que denunciou fraude e reivindicou vitória nas eleições presidenciais de julho.
Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai “rejeitam inequívoca e absolutamente a ordem de prisão” emitida na segunda-feira contra González Urrutia, afirma um comunicado conjunto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores do Equador.
Pouco depois, o chefe da diplomacia norte-americana para a América Latina, Brian Nichols, declarou na rede social X que Washington se junta “à crescente lista de aliados internacionais que condenam” a “ordem de prisão injustificada” do opositor venezuelano.
O Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Segurança, Josep Borrell, também rejeitou “categoricamente” o mandado de detenção emitido na Venezuela contra o antigo candidato da oposição e apelou às autoridades para que respeitem a sua liberdade e integridade.
“Rejeito categoricamente o mandado de prisão contra Edmundo González Urrutia e peço às autoridades venezuelanas que respeitem a sua liberdade, integridade e direitos humanos”, disse Borrell numa mensagem na rede social X. “Chega de repressão e assédio à oposição e à sociedade civil. . A vontade do povo venezuelano deve ser respeitada”.
O Ministério Público venezuelano, de maioria chavista, solicitou a prisão do candidato presidencial da oposição por alegados crimes associados às eleições, incluindo “desobediência às leis” e “conspiração”.
A oposição venezuelana afirma que González Urrutia foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho e publicou num site uma cópia de mais de 80% das atas de votação, segundo as quais obteve uma maioria contundente.
A página virtual é o foco da investigação que deu origem ao mandado de prisão de González Urrutia, de 75 anos e que está escondido desde 30 de julho.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), ligado ao chavismo, proclamou a reeleição de Nicolás Maduro para um terceiro mandato com 52% dos votos, mas não divulgou os resultados detalhados do pleito. A oposição acusa esta instituição de servir o governo.
“Em vez de reconhecer a sua derrota eleitoral e preparar-se para uma transição pacífica na Venezuela, Maduro ordenou agora a prisão do líder democrático que o derrotou esmagadoramente nas urnas”, disse Brian Nichols na rede social X.
As nações latino-americanas declararam que o mandado de prisão contra o opositor “cita diversos supostos crimes que nada mais são do que mais uma tentativa de silenciar o senhor González, ignorar a vontade popular venezuelana e constituir perseguição política”.
Declararam também que condenam “estas práticas ditatoriais” num país onde “não há separação de poderes nem garantias judiciais mínimas e onde abundam as detenções arbitrárias”.
Também se comprometeram a unir forças “para exigir que as autoridades venezuelanas garantam a vida, a integridade e a liberdade” de González Urrutia.
O Ministério Público venezuelano publicou na sua conta de Instagram cópia da ordem de prisão também pelos crimes de “usurpação de funções” e “sabotagem”. A medida ocorreu após terem sido ignoradas três convocações do opositor para prestar depoimento ao MP no âmbito de uma investigação criminal contra ele.
O diplomata argumentou há poucos dias que a instituição judicial agiu como um “acusador político” que o submeteria a um processo “sem garantias de independência e do devido processo”.
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