Naufrágio de superiate na Itália expõe o perigo letal das trombas d’água; entenda

O que causou o naufrágio de um iate à vela que transportava o bilionário britânico Mike Lynch e outras 21 pessoas nesta segunda-feira (19), na costa da Sicília, na Itália, ainda não se sabe.

Mas alguma atenção se concentrou nas observações de testemunhas, que descreveram ter visto uma pequena coluna semelhante a um tornado, conhecida como tromba d’água, formando-se sobre a água durante uma tempestade abrupta e violenta enquanto o navio afundava.

Quinze passageiros de um super iate de 54 metros, o Bayesian, escaparam em uma jangada antes de serem resgatados por um navio de cruzeiro vizinho.

O corpo do cozinheiro do navio foi recuperado na segunda-feira e seis pessoas continuam desaparecidas, incluindo Mike Lynch e sua filha Hannah, segundo funcionários da agência de proteção civil da Sicília.

Os promotores da cidade vizinha de Termini Imerese abriram um inquérito para investigar a causa do naufrágio.

O que são trombas d’água?

As trombas d’água são colunas rodopiantes de ar e umidade – semelhantes a tornados sobre a água, de acordo com o Serviço Meteorológico Nacional.

Embora algumas se formem em tempo bom e sejam apropriadamente chamadas de trombas d’água de bom tempo, outra variedade mais perigosa, chamada trombas d’água de tornado, desenvolve-se para baixo a partir de uma tempestade.

Eles podem se formar como tornados regulares sobre a terra e mover-se para o mar, ou formar uma tempestade sobre uma grande massa de água, de acordo com a Associação Oceânica e Atmosférica Nacional. ).

As trombas d’água em tempo bom são fracas, geralmente se dissipam rapidamente e não causam grandes danos, mas as trombas d’água de tornado são mais frequentemente associadas a ventos fortes, relâmpagos frequentes e perigosos e granizo grande

. As autoridades italianas registraram ventos fortes e intensa atividade elétrica no momento em que o iate afundou.

Quão comuns são as trombas d’água?

Especialistas dizem que trombas d’água podem ser mais comuns que tornados, mas como os oceanos são tão vastos, são mais difíceis de rastrear – e igualmente difíceis de prever.

— O Mediterrâneo é possivelmente um dos locais mais prováveis ​​de trombas d’água em todo o mundo devido à superfície quente do oceano e a um clima muito suscetível a tempestades durante o verão e o outono — diz Peter Inness, meteorologista da Universidade de Reading, no Reino Unido.

Inness apontou para um estudo de 2022 realizado por cientistas da Universidade de Barcelona que descobriu que trombas d’água ocorriam com mais frequência em superfícies marinhas mais quentes.

O Oceano Atlântico Norte tem estado excepcionalmente quente há mais de um ano, atingindo repetidamente máximos recordes para esta época do ano, de acordo com dados da associação oceânica.

O Centro Internacional de Pesquisa de Trombas D’água disse na segunda-feira no X (uma plataforma anteriormente conhecida como Twitter) que havia confirmado 18 trombas d’água perto da Itália nos últimos dias, e vários pescadores na área do acidente disseram à mídia italiana que testemunharam uma tromba d’água perto do iate .

O que poderia ter acontecido?

Karsten Börner, o capitão do barco próximo que resgatou os 15 passageiros, disse em uma entrevista que viu o Bayesiano a cerca de 150 metros de distância antes do vento e dos relâmpagos começarem.

Embora tenha sido difícil ver o que aconteceu em meio à tempestade, “minha teoria era que ela virou primeiro e depois afundou pela popa”, disse ele.

Com mais de 70 metros de altura, o mastro bayesiano era um dos mastros de alumínio mais altos do mundo e também possuía uma quilha especial que podia ser elevada ou abaixada, segundo seu fabricante, Perini Navi. A quilha é a linha central que se estende para baixo abaixo de um barco que pode ajudar a estabilizá-lo.

— Neste caso, ter um mastro alto de alumínio não o tornaria o porto mais seguro em caso de tempestade. Muitas questões permanecerão até que tenhamos outros elementos à nossa disposição — explica Andrea Ratti, professora associada de design náutico e tecnologia arquitetônica do Politecnico di Milano.

Elisabetta Povoledo contribuiu com a reportagem.