Milhares de pessoas lotaram as ruas de Calcutá, capital do estado indiano de Bengala Ocidental, na madrugada desta quinta-feira (15), para protestar contra a violência sofrida pelas mulheres no país, sendo o mais recente caso de estupro e assassinato de um médico, na semana passada, como estopim das manifestações.
O caso do médico repercutiu em todo o país. A profissional de saúde foi atendida pela última vez na última sexta-feira (9) durante seu descanso, na sala de seminários do hospital onde trabalhava. Na manhã seguinte, seu corpo foi encontrado seminu por colegas de trabalho, na diligência do hospital.
Segundo o canal indiano NDTV, a autópsia confirmou a agressão sexual e, numa petição dirigida ao tribunal que investiga o caso, os pais da vítima apontam a suspeita de um crime de grupo.
A Índia atingiu uma média infame de 90 estupros por dia em 2022.
“Enforque o estuprador”
Na cidade de Calcutá, uma multidão reuniu-se numa vigília à luz de velas para denunciar o assassinato. Os cartazes dos manifestantes exibiam mensagens como “Queremos justiça” e “Enforquem o estuprador, salvem as mulheres”.
“As atrocidades contra as mulheres não param”, disse uma das participantes, Monalisa Guha, ao jornal local The Telegraph.
As manifestações foram coordenadas para começar à meia-noite desta quinta-feira, no Dia da Independência da Índia, afetando as celebrações em Nova Deli, onde o primeiro-ministro Narendra Modi, sem mencionar diretamente o caso de Calcutá, expressou a sua “dor” pela violência contra as mulheres.
“Os crimes contra as mulheres devem ser investigados rapidamente. O comportamento monstruoso contra as mulheres deve ser punido rápida e severamente”, disse Modi.
Impacto na rede de saúde indiana
O assassinato em Calcutá gerou mobilizações em vários hospitais públicos, onde os funcionários suspenderam os atendimentos não emergenciais por tempo indeterminado.
Além da suspensão do atendimento, milhares de profissionais saíram às ruas na segunda e terça-feira para denunciar o homicídio em um hospital público, exigir justiça para a vítima e melhores medidas de segurança.
A polícia anunciou a prisão de apenas um homem que trabalha no hospital e o caso está sob responsabilidade do Gabinete Central de Investigações, a força de elite do país.
O ataque e a resposta social recordam uma violação colectiva contra uma jovem num autocarro de Nova Deli, em 2012, que se tornou um símbolo do fracasso do país no combate à violência contra as mulheres.
O caso desencadeou protestos em toda a Índia, alguns violentos, e levou o governo a aprovar medidas para punições mais severas para violadores e a pena de morte para reincidentes.
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