Igreja pede desculpas por oferta de R$ 1,2 milhão para “silêncio” de padre suspeito de pedofilia

A Igreja Anglicana pediu desculpas nesta terça-feira (13) pela forma como tratou o caso de um padre no noroeste da Inglaterra suspeito de representar um risco para crianças, a quem teria sido oferecida uma quantia significativa para abandonar suas funções.

Acusada de inacção relativamente à pedofilia dentro do clero, a Igreja de Inglaterra teve de prometer novamente reforçar os seus procedimentos para lidar com tais casos, depois de ter sido questionada por uma investigação da BBC.

Segundo a emissora pública, Andrew Hindley permaneceu padre em Blackburn de 1991 a 2021, apesar das repetidas acusações sobre sua atitude, amplamente conhecidas dentro da instituição.

A BBC afirmou que o padre recebeu uma oferta de 240 mil libras esterlinas (R$ 1,2 milhão na época) em 2022 para que ele saísse. O valor exato recebido não é conhecido por motivos de confidencialidade.

“Lamentamos sinceramente que os sobreviventes não tenham recebido o apoio necessário”, reagiram num comunicado dos seus dois mais altos dignitários, os arcebispos de Canterbury, Justin Welby, e de York, Steven Cottrell.

Julian Henderson, ex-arcebispo de Blackburn, disse que o acordo financeiro era “a única opção da Igreja”, dado o risco que Hindley representava para crianças e pessoas vulneráveis.

“Estamos absolutamente convencidos de que não há lugar no clero para aqueles que representam um risco para os outros”, acrescentaram.

A Igreja confirmou que foi pago um valor para resolver uma ação movida pelo padre após sua aposentadoria em 2021.

Hindley afirma ser inocente e diz ser vítima de homofobia e vinganças pessoais.

Foi também alvo de cinco investigações policiais entre 1991 e 2018, duas delas por agressões sexuais a menores, mas nenhuma resultou em acusações formais, recordou a BBC.

O veículo também apurou que a proposta de mais de R$ 1 milhão não foi a única tentativa da igreja de afastar Hindley. Segundo a BBC, ele já havia recebido outras ofertas, mas foram usadas “influência e redes” para garantir que o padre continuasse no cargo. Anteriormente, ele havia sido proibido de fazer viagens escolares e visitas ao coral e o Arcebispo de Canterbury chegou a considerar fechar a Catedral de Blackburn.