Os registros eleitorais em poder dos partidos que apoiam o governo venezuelano foram entregues, nesta sexta-feira (9), ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) no âmbito da investigação aberta pela Justiça do país para apurar as eleições presidenciais do dia 28 de julho. .
A informação foi divulgada pelo presidente Nicolás Maduro.
“O Partido Socialista Unido da Venezuela [PSUV] e o Grande Pólo Patriótico de Simón Bolívar [coalizão de partidos que dão apoio ao governo Maduro] ter experiência, maquinário, organização, capacidade profissional e expertise para realizar processos eleitorais e ter todos os documentos que hoje foram entregues ao Gabinete Eleitoral [do TSJ]”, informou Maduro aos jornalistas após a audiência com os magistrados.
Desde a última quarta-feira (7), representantes dos 38 partidos que participaram da eleição presidencial, além de nove dos dez candidatos que disputaram o pleito, compareceram ao TSJ para audiências com os desembargadores da chamada Câmara Eleitoral do Tribunal.
O único que não compareceu foi o principal candidato da oposição, Edmundo González. Justificou a sua ausência afirmando que esta investigação do TSJ usurpa as competências do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), responsável pela realização das eleições no país.
Por outro lado, os líderes dos partidos que apoiavam Edmundo foram ao STJ, mas não apresentaram as atas em posse de seus partidos, alegando que já as haviam publicado na internet.
Maduro questionou a oposição por não apresentar seus documentos.
“A Sala Eleitoral [do TSJ] Ia pedir a todos os partidos políticos todas as informações necessárias e eles saíram de mãos vazias”, disse o presidente, acrescentando que vai pedir ao Ministério Público que solicite que todas as audiências sejam tornadas públicas. “Solicitei que minha audiência fosse divulgada para conhecimento público”, acrescentou.
Na Venezuela, ao final da votação, a urna imprime o boletim eleitoral e uma cópia é distribuída a todos os fiscais dos partidos presentes no local. Os documentos servem de legenda para verificar se os dados utilizados pela CNE para apuração dos votos são os mesmos que saíram da urna no dia da votação. Porém, o Poder Eleitoral ainda não divulgou os dados por urna.
O representante do PSUV, chavista Diosdado Cabello, ao ser questionado pelos jornalistas após a audiência de hoje no TSJ, argumentou que os registros eleitorais não são publicados na Venezuela. “Aqui [na Venezuela] resultados são dados. Se eu tiver algum problema com algum resultado, apresento minha ata para demonstrar a comprovação”, comentou.
Apesar de não publicar a acta propriamente dita, a CNE sempre publicou os dados por tabela de votação, o que ainda não ocorreu. O site da agência permanece offline.
Eleições
O Poder Eleitoral do país anunciou a vitória eleitoral de Maduro, mas não apresentou dados detalhados por assembleia de voto, nem realizou as auditorias previstas para depois das eleições, o que gerou denúncias de fraude.
A campanha do candidato Edmundo González publicou na internet supostos registros eleitorais que estão em poder dos partidos que o apoiam. Esses dados indicam uma vitória de González. No entanto, o governo afirma que as atas da oposição foram falsificadas e o Ministério Público do país abriu uma investigação criminal contra os responsáveis pela página que hospedava estes documentos.
Neste contexto, o Supremo Tribunal da Venezuela abriu uma investigação para investigar o processo eleitoral. Como resultado, as supostas actas originais foram entregues pela CNE ao Poder Judiciário sem serem divulgadas publicamente. Em novo comunicado publicado nesta quinta-feira (8), Brasil, México e Colômbia pediram mais uma vez a publicação de dados eleitorais completos.
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