O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou, nesta quinta-feira (9), que o país deve suspender o funcionamento da rede social X, o antigo Twitter, por 10 dias, sob a acusação de que a plataforma violou as leis do país ao incitar a guerra civil entre venezuelanos.
“[A rede social] violou todas as regras da própria rede social Twitter, hoje conhecida como X, e violou todas as leis da Venezuela e o Existe lei na Venezuela. Respeitaremos a lei”, disse Maduro em reunião com comunas e movimentos sociais em Caracas.
Venezuelanos consultados por Agência Brasil informou que, por enquanto, a plataforma permanece ativa na manhã desta sexta-feira (9).
Maduro disse que a Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) do país, empresa estatal que regula o setor na Venezuela, apresentou uma proposta para suspender a plataforma. Segundo o presidente, a rede social terá 10 dias para apresentar as informações e cobranças que as autoridades solicitarem.
“Dez dias para apresentar as informações e estabelecer a medida administrativa definitiva. Chega de semear a violência e o ódio e de atacar a Venezuela desde o exterior. Temos que derrotar o esquema cibernético”, afirmou, acrescentando que irá “enfrentar a espionagem do império tecnológico”.
O presidente venezuelano acusa o dono da plataforma X, o multibilionário Elon Musk, de estar por trás de um suposto ataque cibernético contra o sistema eleitoral do país. Musk também é acusado de usar a rede social que controla para promover conteúdos que incitam à insurreição contra as instituições do país.
O dono da plataforma ainda não comentou a nova medida da Venezuela contra a rede social, mas o bilionário atacou o governo Maduro nos últimos dias, apoiando-se na oposição do país.
Nesta semana, Maduro também iniciou uma campanha contra o aplicativo de mensagens Whatsapp, dizendo que deletou o programa do celular e recomendou que todos fizessem o mesmo. Segundo autoridades venezuelanas, líderes chavistas e membros das forças de segurança têm recebido ameaças via Whatsapp.
“Estou livre da espionagem do Whatsapp”, disse o chefe do Executivo, acrescentando que “mais cedo ou mais tarde nascerão novas redes sociais venezuelanas e nos libertaremos destas pessoas”.
Eleições
A Venezuela vive uma nova crise política após as eleições presidenciais de 28 de julho. O Poder Eleitoral do país anunciou a vitória de Maduro contra a oposição, mas não apresentou dados detalhados por mesa de votação, nem realizou as auditorias previstas para depois da eleição, o que gerou alegações de fraude.
A campanha do candidato Edmundo González publicou na internet supostos registros eleitorais em poder dos partidos que o apoiam. Esses dados indicam uma vitória de González. No entanto, o governo afirma que as atas da oposição foram falsificadas e o Ministério Público do país abriu uma investigação criminal contra os responsáveis pela página que hospedava estes documentos.
Nos três dias seguintes à votação, foram registados atos violentos e pacíficos em diferentes pontos do país, resultando na morte de manifestantes e polícias, dezenas de feridos e cerca de 2.000 prisioneiros, segundo as autoridades. Os apoiantes do governo também se mobilizaram nas ruas para defender o resultado anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Foi aberta uma investigação no Supremo Tribunal da Venezuela para apurar o processo eleitoral e as supostas atas originais foram entregues pela CNE ao Poder Judiciário, mas ainda não foram divulgadas publicamente. Em novo comunicado publicado nesta quinta-feira (8), Brasil, México e Colômbia pediram novamente dados eleitorais completos.
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