Em meio a questionamentos da comunidade internacional e da oposição sobre a falta de transparência na publicação dos resultados na Venezuela e no procedimento judicial que apura o resultado apresentado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), compareceram líderes de partidos de oposição alinhados ao candidato Edmundo González Urrutia ao Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) nesta quarta-feira (7).
Os deputados levaram ao órgão judicial duas das principais reivindicações da oposição unificada, a publicação dos registos eleitorais na íntegra e o “respeito pelo voto”, depois de González Urrutia ter anunciado que não responderia ao apelo, alegando questões de segurança e irregularidades no processo.
O governador de Zulia, Manuel Rosales, presidente da sigla Um Novo Tempo (UNT), José Luis Cartaya, representante da Mesa de Unidade Democrática (MUD) e Simón Calzadilla, líder do Movimento pela Venezuela (MPV), que endossaram a candidatura de González Urrutia à presidência, compareceu ao tribunal na manhã de quarta-feira.
Descreveram o procedimento no órgão judicial – que a oposição afirma não estar previsto em nenhuma legislação do país – como “interrogatórios exaustivos”, realizados separadamente. Apesar disso, eles afirmaram ter feito exigências nas audiências.
— Aproveitamos esta audiência para exigir em nome de todo o povo, à CNE, aproveitando os nossos direitos constitucionais, a publicação da acta final do processo eleitoral de 28 de Julho, que reflecte o que é a participação massiva do povo significava — declarou Rosales aos jornalistas, após deixar o tribunal.
O governador, que foi cogitado para substituir María Corina após a inabilitação do líder da oposição, afirmou ainda que o cenário atual cria “dúvidas razoáveis” sobre o processo de apuração e apuração dos votos, exigindo a publicação da ata para que qualquer resultado seja admitido.
— Todos temos direito à dúvida razoável, para exigir a publicação daquela ata. Somos membros da Plataforma Unitária e do Comando com a Venezuela e foram publicadas cópias das atas que temos — disse Rosales. — Para nós é claro que a CNE tem competência e deve publicar a ata final, por respeito ao voto, respeito aos resultados e isso é baseado na ata.
Simon Calzadilla, líder do MPV, também questionou o procedimento anormal com que foi apresentado o resultado eleitoral. Assim como González, ele criticou a falta de transparência, e questionou o fato de o processo eleitoral estar sendo finalizado no Judiciário —algo que também foi questionado por González Urrutia na quarta-feira, que afirmou tratar-se de uma usurpação de jurisdição.
— Nenhum partido político sabe, 11 dias depois da eleição, qual foi o resultado da votação.
O TSJ continuará hoje as audiências com as partes envolvidas no processo. De acordo com o calendário inicial divulgado pelo órgão — em grande parte dominado por aliados chavistas —, o procedimento de audiência das partes continuará até sexta-feira, com a participação do presidente Nicolás Maduro.
A Câmara Eleitoral do Poder Judiciário tem até 15 dias para apresentar sua sentença final sobre o resultado divulgado pela CNE —algo que a oposição diz ser inconstitucional, e aponta como uma possível forma do oficialismo dar um ar de institucionalidade à decisão de Maduro. -eleições, que dizem ser uma fraude. (Com AFP)
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