Milhares de argentinos protestam no dia de São Caetano, patrono do pão e do trabalho

Milhares de pessoas manifestaram-se contra o governo de Javier Milei na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, nesta quarta-feira (7), dia de São Caetano, padroeiro do pão e do trabalho, numa Argentina com mais da metade da população na pobreza e crescendo desemprego.

Com o lema “paz, pão, terra, teto e trabalho”, organizações sociais, políticas e sindicais convocaram a mobilização, que começou no santuário São Caetano, no bairro Liniers, e terminou em frente à Casa Rosada.

“O governo do déspota Milei multiplicou a pobreza. Vinte e cinco milhões de argentinos vivem abaixo da linha da pobreza e 8,5 milhões passam fome”, declarou o líder sindical dos trabalhadores estatais, Daniel Catalano, durante o evento central.

Na homilia da manhã, o Arcebispo de Buenos Aires, Jorge García Cuerva, apelou “a não ignorar tantos feridos à beira do caminho da vida, diante de tantos rostos concretos, vítimas da exclusão”.

“Há muitas formas de ignorar: viver isolado, desinteressado pelos outros, ser indiferente, ou discutir figuras de pobreza e indigência nas mesas de escritório, esterilizadas pelas lágrimas e pela humanidade”, acrescentou.

A pobreza no país era de 41,7% no segundo semestre de 2023, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec).

No entanto, as projecções da Universidade Católica Argentina (UCA) colocam a pobreza em 55% e a indigência em 20,3%, um recorde que a Argentina alcançou em 2002, durante a sua pior crise económica recente.

Esses números ocorrem num contexto de recessão crescente e de inflação de 271% ao ano.

Na conferência de imprensa desta quarta-feira, o porta-voz presidencial Manuel Adorni comentou o apelo e lamentou que, “numa data religiosa”, a marcha “esteja a ser liderada por figuras políticas responsáveis ​​pelo desastre económico que este governo herdou”.

Nos primeiros seis meses da gestão do ultraliberal Milei, devido a despedimentos ou transições para a informalidade, o número de trabalhadores que contribuem para os regimes de Segurança Social caiu mais de 600 mil, segundo dados da Subsecretaria de Segurança Social.