Um acordo de cooperação espacial para fins pacíficos que prevê, entre outros, a troca de informações em ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento de iniciativas conjuntas no setor, foi assinado por Brasil e Chile, nesta terça-feira (6), durante cerimônia de abertura lançar a pedra fundamental do Centro Espacial Nacional, em Santiago, com a presença dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric.
Lula destacou que o setor espacial é estratégico para o desenvolvimento dos países e lembrou a desigualdade que existe nesta área. Para ele, a prática no “mundo desenvolvido” costuma ser “correr para o topo” e “chutar a escada” para que outros não consigam alcançá-lo, disse o presidente brasileiro, no seu discurso.
“A cooperação entre os países de [Hemisfério] Sul tem potencial para reverter essa desvantagem. Juntos podemos multiplicar a capacidade de construir a nossa própria escada. No entanto, para que os benefícios do desenvolvimento espacial sejam partilhados por todos, é essencial que sejam promovidos no âmbito de um quadro de políticas públicas sólido. Os devaneios dos milionários que preferem colonizar Marte a cuidar da Terra não substituem a ação e a orientação do Estado”, afirmou.
“Não há atividade hoje que não necessite de infraestrutura espacial. As comunicações, a geração de energia, a navegação e até mesmo o combate às alterações climáticas dependem fortemente do espaço. Apesar da sua importância, o setor espacial específico é uma das áreas em que a desigualdade entre os países é mais marcante. O controle das exportações de componentes e insumos tecnológicos, as restrições de acesso e as limitações financeiras têm um impacto desproporcional no Sul Global [países em desenvolvimento do hemisfério Sul]”, acrescentou Lula.
O presidente também destacou a retomada dos investimentos na indústria espacial brasileira e lembrou a expertise do país na área de satélites e coleta de dados, que agora será compartilhada com o Chile. Segundo Lula, o setor espacial brasileiro tem sido negligenciado nos últimos anos pelo governo. Mas, com a retomada dos investimentos, esse cenário vai mudar. “Agora, retomamos um investimento por meio de um pedido tecnológico no valor de R$ 300 milhões. Fortaleceremos a indústria espacial e geraremos os empregos e a renda necessários”, afirmou.
Disse ainda que o seu governo conseguiu desenvolver “um ecossistema robusto de investigação tecnológica e aplicações espaciais, temos instituições de excelência como o Instituto Nacional de Investigação Espacial [Inpe], aos quais se somam universidades e um setor privado inovador. É um orgulho compartilhar a experiência institucional brasileira com o jovem Ministério de Ciência e Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile, criado em 2018”, completou.
O Centro Espacial Nacional do Chile será construído no Parque Bicentenário de Cerrillos, na região metropolitana de Santiago, e fará parte do Sistema Nacional de Satélites. O empreendimento contará com um laboratório especializado na fabricação de satélites e cargas úteis, um centro de empreendedorismo e inovação espacial, um centro de controle de missões espaciais e um centro de processamento e análise de dados geoespaciais.
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Lula está em visita oficial ao Chile e foi recebido, nesta segunda-feira (5), pelo presidente Boric, no Palácio La Moneda, na capital chilena. Os dois países assinaram vários acordos e outros atos com o objetivo de diversificar as relações bilaterais. O presidente também participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Chile promovido pela Apex-Brasil e que reuniu cerca de 500 empresários dos dois países.
Esta manhã, Lula se reuniu com o prefeito de Santiago, Irací Hassler, e com o ex-presidente chileno Ricardo Lagos. O retorno da delegação presidencial ao Brasil está previsto para esta tarde.
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