A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou e fugiu do país nesta segunda-feira, 5, em meio a uma onda de protestos contra o governo que já dura um mês e deixou mais de 300 mortos. As autoridades do país anunciaram a dissolução do Parlamento e a formação de um novo governo “o mais rapidamente possível”.
Pelo menos 95 pessoas, incluindo pelo menos 14 policiais, morreram em confrontos na capital no domingo, segundo o principal jornal diário de língua bengali do país, Prothom Alo. O país registou esta segunda-feira 56 novas mortes, totalizando mais de 350 desde o início das manifestações, em 1 de julho, segundo a AFP. Pelo menos 11 mil pessoas foram presas nas últimas semanas.
O chefe militar, general Waker-uz-Zamam, disse que estava assumindo temporariamente o controle e os soldados tentaram reprimir a crescente agitação.
O presidente do Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, anunciou na noite de segunda-feira, após reunião com Waker-uz-Zamam e políticos da oposição, que o Parlamento seria dissolvido e um governo nacional seria formado o mais rapidamente possível, conduzindo a novas eleições.
Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas agitando bandeiras e aplaudindo para celebrar a renúncia de Hasina. Mas as celebrações rapidamente se tornaram violentas em alguns locais, com manifestantes atacando símbolos do seu governo e do seu partido, saqueando e incendiando vários edifícios.
Os manifestantes invadiram a residência oficial do primeiro-ministro na capital Dhaka, segundo imagens divulgadas na televisão local. As imagens mostraram uma multidão entrando na residência de Hasina e acenando para as câmeras. Outros derrubaram uma estátua do pai de Hasina, Mujibur Rahman, o herói da independência do país em 1971.
Para conter a violência, o governo suspendeu o acesso à Internet, fechou escolas e universidades, impôs toque de recolher e mobilizou o exército. Em meio a preocupações de segurança, o principal aeroporto de Dhaka, a capital, suspendeu as operações. Contudo, alguns ex-oficiais militares manifestaram apoio aos manifestantes, criticando a repressão do governo.
Protestos
Os protestos no Bangladesh começaram pacificamente no mês passado, quando estudantes frustrados exigiram o fim de um sistema de quotas para cargos públicos que, segundo eles, favorecia aqueles com ligações ao partido Liga Awami do primeiro-ministro.
Mas no meio de uma repressão mortal, as manifestações transformaram-se num desafio sem precedentes para Hasina, destacando a extensão da crise económica no Bangladesh, onde as exportações caíram e as reservas cambiais estão a escassear.
Entre as vítimas, pelo menos 14 eram policiais, disse o porta-voz da polícia Kamrul Ahsan. Os confrontos envolveram o uso de cassetetes, facas e balas, e uma delegacia de polícia em Enayetpour foi atacada, resultando na morte de 11 policiais.
A capital Dhaka transformou-se num verdadeiro “campo de batalha”, com veículos incendiados e repetidos tiros e explosões ao longo da noite, enquanto os manifestantes desafiavam o recolher obrigatório imposto pelo governo.
Milhares de pessoas reuniram-se em Dhaka exigindo a demissão de Hasina, convocada pelo grupo “Estudantes Contra a Discriminação”, que promovia atos de desobediência civil. Em contrapartida, Obaidul Quader, secretário-geral da Liga Awami, pediu à população que se mobilizasse em apoio ao governo.
O general Waker-uz-Zaman, chefe do exército, declarou que os militares estão “sempre ao lado do povo”, indicando uma possível mudança na postura das forças armadas face aos protestos.
ONU pede transição democrática
O secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a uma “transição democrática” no Bangladesh, anunciou o seu porta-voz. Guterres “exorta todas as partes à calma e à contenção e destaca a importância de uma transição pacífica, ordeira e democrática”, disse o vice-porta-voz Farhan Haq.
Depois de “lamentar” a perda de vidas durante os protestos no país asiático, Guterres apelou ao “pleno respeito pelos direitos humanos” e a “uma investigação completa, independente, imparcial e transparente de todos os atos de violência”, acrescentou o porta-voz num comunicado.
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