Maduro diz preparar prisões de segurança máxima para manifestantes

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quinta-feira (1º) que está preparando prisões de segurança máxima para receber manifestantes detidos durante os protestos. protestos que eclodiram depois de sua contestação reeleição no domingo.

Segundo a ONG Foro Penal, foram identificados até agora 711 presos, incluindo dezenas de menores, embora o governo diga que são mais de mil.

A declaração surge depois do líder da oposição María Corina Machado, que está escondida após ser ameaçado de prisão, convoca novas manifestações para sábado.

— Estou preparando duas prisões que devo ter prontas em 15 dias, já estão sendo reparadas — disse Maduro em evento transmitido pelo canal estatal VTV. — Todos os manifestantes vão para Tocorón e Tocuyito, prisões de segurança máxima.

Tocorón era o centro operacional da temida gangue Trem de Aragua.

— Temos mais de 1.200 capturados e procuramos outros 1.000 e vamos capturar todos porque foram treinados nos Estados Unidos, no Texas; na Colômbia, Peru e Chile — disse o presidente, pressionado por mais de 40 países para apresentar as atas dos locais de votação e, assim, viabilizar a auditoria da eleição.

Protestos e mortes

Referindo-se aos manifestantes como “terroristas”, “delinquentes” e membros de “gangues de nova geração”, Maduro comparou-os às gangues do Haiti.

— Querem transformar a Venezuela num novo Haiti — disse o presidente. — Têm um longo caminho a percorrer, por isso que construam estradas — acrescentou, aludindo à “reeducação” que será implementada nestas prisões.

Até à data, os protestos deixaram pelo menos 11 civis mortos, bem como um soldado. A oposição estima o número de mortos em 16, mas não informou a fonte da informação.

Denunciando crueldade

Liderados por María Corina Machado e seu candidato, Edmundo González Urrutia, os opositores denunciam uma “escalada cruel e repressiva do regime”. Em sua ligação mais recente, a ex-deputada pediu que a bandeira venezuelana fosse hasteada durante os acontecimentos em sinal de descontentamento.

— Devemos continuar firmes, organizados e mobilizados com o orgulho de termos conseguido uma vitória histórica no dia 28 de julho e a consciência de que para reivindicar (a vitória) também iremos até o fim — disse

Machado em vídeo que postou nas redes sociais. — O mundo verá a força e a determinação de uma sociedade determinada a viver em liberdade

Na quarta-feira, Maduro acusou Machado e González Urrutia de ser responsável por atos violentos. “Você tem sangue nas mãos”, disse ele. “Você deveria estar atrás das grades”, acrescentou.

Mais cedo, em artigo de opinião escrito por ela no The Wall Street Journal, Machado disse que estava escondida após as ameaças.

“Estou escrevendo isso em segredo, temendo pela minha vida, pela minha liberdade”, disse ela.

Terceiro termo

Após as eleições de domingo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro reeleito para um terceiro mandato de seis anos, com 51% dos votos contra 44% de González Urrutia. A oposição afirma ter cópias de mais de 80% dos resultados e que o seu candidato obteve 67% dos votos.

Também esta quinta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) convocou os candidatos das recentes eleições presidenciais, que a oposição classificou como fraudulentas, depois de aceitar um recurso do proclamado vencedor Nicolás Maduro para que o tribunal superior certificasse o processo.

A Câmara Eleitoral do TSJ convocou Maduro e seu principal rival, Edmundo González Urrutia, a quem o presidente ameaçou prender após acusá-lo de liderar um golpe contra ele, juntamente com a líder da oposição María Corina Machado.

Outros oito candidatos minoritários também foram convocados. “Estarei lá, espero que todos os candidatos compareçam”, disse Maduro num comício.

A presidente do mais alto tribunal da Venezuela, Caryslia Rodríguez, anunciou a decisão do tribunal de aceitar o recurso apresentado na quarta-feira por Maduro e iniciar “o processo de investigação e verificação para certificar de forma irrestrita os resultados do processo eleitoral”.