Num contexto de crescente tensão na Venezuela, o chefe das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, Vladímir Padrino López, reafirmou, nesta terça-feira (30), “lealdade absoluta e apoio incondicional” ao presidente Nicolás Maduro, acrescentando que “foi legitimamente re- eleito pelo Poder Popular e proclamado pelo Poder Eleitoral para o próximo mandato presidencial 2025-2031”.
Segundo o chefe das Forças Armadas Venezuelanas, os protestos registados nos últimos dois dias no país são atos de terrorismo e sabotagem promovidos por uma estrutura internacional para desacreditar o processo eleitoral.
“São expressões de ódio e irracionalidade que fazem parte de um plano preconcebido por grupos políticos que sabiam que seriam derrotados. Além disso, envolvem uma tentativa de golpe de Estado mediático, apoiado pelas redes sociais e apoiado pelo imperialismo norte-americano e seus aliados externos e internos”, afirmou o militar.
Desde que a vitória de Maduro foi anunciada nas eleições do último domingo (28), uma série de atos questionando o resultado foram registrados em vários pontos da Venezuela.
Segundo o Ministério Público venezuelano, 759 pessoas foram presas, 48 policiais ficaram feridos e um membro da Guarda Bolivariana foi morto a tiros. A organização não governamental (ONG) venezuelana Foro Penal estima que seis manifestantes foram mortos desde a última segunda-feira (29).
Padrino López afirma que foram destruídos centros eleitorais, edifícios públicos e privados, comandos militares e policiais, bem como “símbolos de identidade nacional como o índio Coromoto em Guanare e esculturas do Comandante Chávez, entre outros”.
“Os pseudo-líderes e organizações criminosas que nos incitam a seguir este caminho obscuro que aqueles que não têm razão se escondem covardemente no exterior para levar a cabo os seus planos macabros. Muitos deles já foram totalmente identificados, capturados e processados”, acrescentou.
Por fim, o líder militar pede que a população “não caia em provocações ou manipulações que incentivem a violência e a intolerância”.
Impasse
O governo de Nicolás Maduro acusa parte da oposição e dos países de incitar um suposto golpe de Estado no país contra o resultado eleitoral. Por outro lado, parte da oposição, alguns países e organizações como a Organização dos Estados Americanos (OEA) questionam a lisura da eleição e pedem a publicação das atas que permitem a auditoria dos votos.
Após o anúncio do resultado, a líder da oposição María Corina Machado chegou a pedir ação das Forças Armadas. “Eles sabem. E o dever da Força Armada Nacional é garantir que a soberania popular expressa no voto seja respeitada. E é isso que nós, venezuelanos, esperamos de cada um dos nossos soldados”, afirmou.
Segurança da pesquisa
Os votos computados nas urnas eletrônicas da Venezuela devem ser enviados por sistema próprio – sem conexão à internet – para uma central que faz a totalização. Paralelamente, é impressa a ata no local de votação e distribuídas cópias a todos os fiscais. Posteriormente, é feita uma verificação, por amostragem, para saber se os votos enviados pela urna eletrônica são iguais aos entregues aos fiscais. Há também a possibilidade de auditar as urnas com os votos impressos. Isso porque na Venezuela, além do voto eletrônico, existe o voto em papel.
No entanto, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não divulgou a ata que comprova o resultado anunciado, que deu a vitória a Maduro com 51,21% dos votos, contra 44% de Edmundo González e 4,6% dos outros oito candidatos.
Questionado por Agência Brasil Sobre quando e como os dados seriam disponibilizados, a assessoria de imprensa da CNE informou que “o Poder Eleitoral está agindo”.
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