O assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, reuniu-se esta segunda-feira à tarde com o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio Miraflores. O presidente da Assembleia Nacional (AN), Jorge Rodríguez, braço direito de Maduro, também participou da reunião.
Segundo fontes diplomáticas, na reunião Maduro disse ao enviado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o seu governo “entregará os registros eleitorais nos próximos dias”.
O encontro, segundo fontes, decorreu num “clima cordial”. Maduro e Amorim conversaram sobre o processo eleitoral, e o presidente venezuelano disse ao assessor presidencial que seu governo corre o risco de ser alvo de um “golpe de extrema direita”.
O Brasil tem pedido transparência no processo eleitoral, referindo-se principalmente à publicação das atas, o que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não fez, e Maduro disse que o fará nos próximos dias. Paralelamente, a oposição insiste na sua acusação de fraude e afirma ter em mãos provas de que o vencedor das eleições foi o seu candidato mais forte, o diplomata reformado Edmundo González Urrutia.
Uma das fontes consideradas mais confiáveis pela missão chefiada por Amorim é o Carter Center. Observadores das Nações Unidas também conversam com representantes do governo brasileiro, mas há algumas dúvidas na missão enviada por Lula sobre suas tendências políticas.
Esta segunda-feira, Amorim reiterou que foi “um erro grave a União Europeia ter dado um motivo ou pretexto para ser desconvidada [pelo governo venezuelano para ser observador]”. O argumento do governo Maduro é que a UE não suspendeu, como prometido, as sanções contra o país e os seus funcionários governamentais, incluindo a vice-presidente Delcy Rodríguez.
“{Se a UE tivesse vindo]Nada disso teria acontecido”, garantiu o enviado de Lula.
Após o encontro com Maduro, o enviado de Lula se oferecerá para realizar um encontro com González Urrutia. A líder da oposição María Corina Machado não participará nesta reunião, caso esta se realize, disse a fonte.
Esta manhã, Amorim disse ao GLOBO que o Brasil precisa ter certeza do histórico eleitoral antes de se pronunciar sobre a eleição.
“Sou amigo do César, mas sou mais amigo da verdade. Procuro a verdade”, disse o assessor de Lula, que nas últimas horas conversou com observadores internacionais, analistas locais e governos estrangeiros .
Amorim confirmou ter conversado com o líder da oposição Gerardo Blyde, coordenador da oposição nos diálogos com o chavismo e um dos principais interlocutores do assessor de Lula na oposição venezuelana.
Esta segunda-feira havia a expectativa de um pronunciamento conjunto entre Brasil, Colômbia e México, mas, segundo as mesmas fontes, isso não deverá acontecer nas próximas horas ou dias. A expectativa é que Amorim retorne ao Brasil nesta terça-feira.
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