O Panamá prepara um programa para limpar a inóspita selva de Darién, contaminada pela passagem de milhões de imigrantes com destino aos Estados Unidos, disse um ministro do país nesta quarta-feira (24).
“Temos que colocar ordem nesta área, acabar com este tráfico (de imigrantes) o mais rápido possível e limpar a natureza, limpar o Parque Nacional de Darién para restaurá-lo ao seu estado natural”, disse o ministro do Meio Ambiente, Juan Carlos. Navarro.
“Estamos atualmente nas primeiras etapas do planejamento, gostaria que pudéssemos fazê-lo o mais rápido possível”, disse Navarro à AFP, sobre o plano para a selva na fronteira entre a Colômbia e o Panamá, considerada um pulmão da América Central.
O projecto, segundo Navarro, inclui a limpeza e recuperação ambiental da área danificada, bem como “apoio económico” às comunidades locais.
Segundo o ministro, a limpeza seria financiada com US$ 3 milhões (R$ 16 milhões, a preços atuais), que seriam aportados pelos Estados Unidos.
Os dois países assinaram um acordo no dia 1º de julho, no qual Washington se comprometeu a fornecer US$ 6 milhões (R$ 32 milhões, pelo câmbio atual) para conter a imigração através do Darién.
A selva de 575 mil hectares, com vegetação densa e grande variedade de espécies de flora e fauna, tornou-se um corredor para milhares de imigrantes que tentam chegar aos Estados Unidos.
Em 2023, mais de 520 mil imigrantes passaram pela selva, apesar de perigos como grandes rios, animais selvagens e grupos criminosos. Este ano, 200 mil pessoas, a maioria venezuelanos, passaram pelo local, segundo estimativas oficiais panamenhas.
Esta quinta-feira, a polícia de fronteira do Panamá também reportou a morte de 10 imigrantes que se afogaram num rio numa região indígena das Caraíbas, perto da fronteira com a Colômbia.
O presidente panamenho, José Raúl Mulino, disse dias antes de assumir o cargo, em 1º de julho, que havia “contaminação gigantesca” em Darién com “toneladas, toneladas e toneladas de lixo”.
Navarro lamentou a “injustiça ambiental cometida contra as populações indígenas e nativas do Darién, onde estes migrantes despejam todo o lixo do mundo”.
“Os rios, que eram um oásis natural”, são agora “águas contaminadas por fezes e até cadáveres”, acrescentou.
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