A Caixa Econômica Federal afirmou ontem que realiza avaliação periódica de sua equipe de gestão e que qualquer tipo de retaliação não faz parte da política da empresa.
A afirmação foi dada após a coluna de Malu Gaspar publicar reportagem mostrando que a direção do banco demitiu, na última segunda-feira, 8, dois gestores que se opunham à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, consideradas arriscadas demais para padrões do banco.
A coluna teve acesso a um parecer confidencial de 19 páginas em que a área de renda fixa da Caixa Asset, braço gestor de recursos do banco estatal, desaconselhava enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só no relação entre o valor e o rating do banco.
O documento da Caixa classifica o modelo de negócio da Master como “difícil de compreender” e aponta para um “elevado risco de solvência”. O parecer deveria ter sido discutido no comitê de investimentos da Caixa Asset no dia 4.
Em nota, a Caixa afirma que “é surpreendente o vazamento de um documento confidencial, cujo conhecimento era limitado a pouquíssimas pessoas, logo após a troca de equipe”. E afirma que tomará medidas legais para responsabilizar os envolvidos no vazamento de informações.
O banco afirma que o seu processo de seleção de ativos financeiros é baseado na análise de cenários económicos e financeiros nacionais e internacionais.
“As decisões de alocação são tomadas por comitês, que se reúnem para avaliar as tendências do mercado e as condições macroeconômicas e microeconômicas, levando em consideração os níveis e limites de risco definidos nos regulamentos dos fundos de investimento”, afirma.
Sobre a proposta do Banco Master, o banco afirma que a Caixa Asset recebeu por e-mail proposta de aquisição de Letras Financeiras Sênior do Banco Master e que seguiu procedimento padrão, com avaliação do emissor dos papéis pela área de Risco de Ativos de Terceiros, para definir o rating interno e o limite financeiro global por instituição financeira.
A análise levou em consideração as demonstrações financeiras do Banco Master em 2023. O resultado da avaliação classificou o banco como “médio risco”, com classificação interna BB+ e limite máximo para alocação de até R$ 881 milhões, o que equivale a 40 % do patrimônio líquido. Segundo a Caixa, para ativos com prazo superior a 1.876 dias, a regra prevê limite de 25% do patrimônio líquido da instituição financeira.
O banco afirma que, dos 20 fundos com limites para aplicação em ativos de crédito privado em seu regulamento, foram identificados 9 fundos compatíveis com ativos classificados como médio ou alto risco de crédito privado. O potencial de alocação é de R$ 28 bilhões.
Com base nessas informações, o Comitê de Estratégia de Risco, Compliance e Governança aprovou a autorização do Banco Master para iniciar relacionamento com a Caixa Asset. Cabe ao Comitê Gestor do Fundo Mútuo avaliar em proposta específica se aprova ou não a destinação dos recursos. A oferta foi apresentada, está em discussão e ainda será deliberada, afirma o banco.
“As operações de negociação são confidenciais e ocorrem de acordo com a estratégia da empresa, na busca do melhor desempenho dos fundos, garantindo que cada decisão seja tomada com a máxima responsabilidade, priorizando sempre a transparência e protegendo os interesses dos acionistas”, afirma o Banco.
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