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A Nova Frente Popular (NFP), aliança da esquerda francesa que conquistou o maior número de assentos nas eleições parlamentares, mas sem maioria absoluta, ainda não conseguiu chegar a acordo sobre quem será o seu candidato a primeiro-ministro.
O grupo, que inclui ambientalistas, socialistas, comunistas e esquerda radical, tinha anunciado que apresentaria um nome até esta sexta-feira, mas voltou atrás, admitindo o impasse que mantém o país no limbo político.
“Prefiro não estabelecer um prazo”, disse Manuel Bompard, coordenador do partido de esquerda radical A France Insubmissa (LFI, em francês), ao canal TF1, observando que “talvez seja necessário mais tempo”.
Segundo ele, as negociações poderão durar até 18 de julho, dia da primeira sessão da Assembleia Nacional.
“Só porque a questão do primeiro-ministro ainda não foi decidida não significa que não tenha havido progresso”, disse a líder dos Verdes, Marine Tondelier. — É normal que demore um pouco.
Nomes em jogo
Uma fonte socialista disse que a LFI propôs quatro nomes, incluindo o ex-candidato presidencial Jean-Luc Mélenchon, que já entrou em confronto com o presidente Emmanuel Macron e está a causar dúvidas entre as forças.
Os socialistas apostam no líder do partido, Olivier Faure, que, segundo eles, seria aceite como primeiro-ministro por uma vasta gama de parlamentares, da esquerda ao centro-direita.
“Faure ou Mélenchon? Essa é a verdadeira questão”, disse um alto funcionário socialista, falando sob condição de anonimato à AFP.
‘Ninguém ganhou as eleições’
Desde que o Presidente Macron antecipou as eleições legislativas, na sequência da vitória da extrema-direita francesa na votação para o Parlamento Europeu, o país tem vivido um cenário de incerteza política.
Em mais de 300 distritos, a centro-direita macronista e a frente de esquerda uniram-se para bloquear a extrema-direita, representada pelo partido da deputada Marine Le Pen, o Reagrupamento Nacional (RN), que apareceu em primeiro lugar em quase todas as sondagens. intenção de voto, com chances de obtenção de maioria absoluta.
No final, a Nova Frente Popular (NFP) conquistou 193 cadeiras; a centro-direita macronista 164; e a extrema direita, 143 —nenhuma com maioria absoluta de 289 deputados.
Esta semana, Macron disse, numa carta à nação, que “ninguém ganhou as eleições”, e apelou à formação de uma “ampla coligação” no Parlamento que inclua o centro, a direita e a esquerda, mas não o RN ou o LFI — que ao longo da campanha foram equiparados pelo líder centrista como dois “extremos”.
A proposta, no entanto, ignora que, dentro da aliança esquerdista, foi precisamente a França Insubmissa que conquistou a maioria dos assentos. Por outro lado, parte do tradicional Partido Republicano de direita fragmentou-se durante as eleições e juntou-se à extrema direita em alguns distritos, seguindo a orientação do presidente do partido, Éric Ciotti.
Marine Le Pen, que já anunciou que liderará a bancada do RN no Parlamento, avisou que o seu grupo apresentaria uma moção de censura contra qualquer governo que incluísse ministros da LFI ou dos Verdes.
A ameaça também foi reiterada por vários líderes do bloco centrista, incluindo o atual primeiro-ministro, Gabriel Attal — que reverteu o seu pedido de demissão após as eleições a pedido do presidente, visando a “estabilidade” do país durante os Jogos Olímpicos, que irão acontecerá em Paris de 26 de julho a 11 de agosto. Esta sexta-feira, Attal prometeu “proteger os franceses de qualquer governo que inclua ministros do RN ou da LFI”.
Na prática, para que um primeiro-ministro seja eleito em França, não é necessária a aprovação da maioria do Parlamento. O indicado não pode sofrer “moção de censura”, ou seja, rejeição de pelo menos 289 deputados. A dificuldade de cálculo político ocorre, em parte, porque o veto da extrema direita somado ao veto da centro-direita à LFI alcançaria 307 votos.
Com isso, o país veria o mesmo macronismo que se juntou à esquerda para afastar a extrema direita, votando junto com a extrema direita para deter a esquerda radical, que era o partido com mais votos dentro da aliança vencedora.
O sindicato CGT, o maior de França, apelou à população para sair à rua no dia 18 de julho, dia da primeira sessão da Assembleia Nacional, “para que os resultados das eleições sejam respeitados”.
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