Israel bombardeou este sábado vários sectores da Faixa de Gaza, incluindo um ataque que deixou 16 mortos, segundo autoridades do Hamas, numa escola que albergava pessoas deslocadas pela guerra, nas vésperas de novas negociações indirectas no Qatar visando um cessar-fogo .
Poucos dias antes da visita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aos Estados Unidos, em 24 de julho, foram retomados os contatos diplomáticos em busca de um cessar-fogo e da libertação dos reféns sequestrados há nove meses pelo movimento islâmico palestino.
Israel afirmou na sexta-feira que persistem “diferenças” nas negociações indiretas, mediadas pelo Catar, EUA e Egito com o Hamas, mas que enviará uma delegação a Doha na próxima semana para “continuar os diálogos”.
O chefe da Mossad (serviços de inteligência de Israel), David Barnea, manteve reuniões na capital do Qatar na sexta-feira, depois de o Hamas ter apresentado novas “ideias” para chegar a um cessar-fogo.
Em nove meses de guerra, os combates em Gaza só cessaram durante uma pausa de uma semana no final de Novembro. Desde então, as mediações têm enfrentado demandas incompatíveis entre os dois lados.
Netanyahu afirma que o conflito continuará até “a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns”. Por outro lado, o movimento islâmico, que governa Gaza desde 2007, exige um cessar-fogo permanente e a retirada total das tropas israelitas do território palestiniano.
Bombardeio escolar
Pelo menos 87 pessoas morreram em Gaza nas últimas 48 horas, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Os bombardeios israelenses atingiram o norte, o centro e o sul do enclave.
A agência informou este sábado que 16 pessoas morreram no bombardeamento israelita contra uma escola que albergava deslocados no campo de refugiados de Nuseirat, no centro do território.
Israel disse que sua aviação atacou “vários terroristas” no “setor escolar Al Jauni” de Nuseirat, administrado pela ONU.
“Este local serviu como esconderijo e infraestrutura operacional a partir da qual foram realizados ataques contra soldados”, declarou o Exército israelense.
O Ministério da Saúde do Hamas denunciou um “massacre abominável” na escola Nuseirat, acrescentando que outras 50 pessoas ficaram feridas e levadas para o Hospital dos Mártires de Al Aqsa.
“Estilhaços me atingiram quando eu estava na sala de aula, crianças ficaram feridas”, disse Samah Abu Amsha à AFP.
Segundo a assessoria de imprensa do Hamas, cerca de 7 mil pessoas deslocadas estavam nessas instalações. Antes disso, as equipas de resgate tinham relatado 10 mortos, incluindo três jornalistas locais, num ataque aéreo a uma casa no campo de refugiados de Nuseirat. Outro jornalista morreu na cidade de Gaza, no centro da Faixa, segundo a assessoria de imprensa do Hamas.
O conflito começou em 7 de outubro, quando milicianos islâmicos mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em território palestiniano que já deixou 38.098 mortos, também na sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
A ONU alertou para as condições “desastrosas” em que vivem os 2,4 milhões de habitantes da Faixa, sem água nem comida devido ao cerco imposto por Israel. Além disso, o conflito forçou o deslocamento de 80% da população.
Extensão do conflito
Os combates não cessaram no bairro de Shujaiyia, no leste da cidade de Gaza, onde as tropas israelitas realizam uma operação terrestre desde 27 de junho.
O Exército israelita afirmou ter eliminado “membros terroristas do Hamas” e destruído “armas e infraestruturas”, incluindo túneis, do movimento palestiniano, que acusa de “querer restabelecer uma base” no bairro.
Em Rafah, na fronteira com o Egito, no sul da Faixa, o exército disse ter eliminado “células terroristas” e destruído “vários túneis” do Hamas. A Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA) disse que dois dos seus funcionários morreram no centro de Al Bureij, sem fornecer mais detalhes.
A comunidade internacional está preocupada com o risco de o conflito em Gaza se estender até à fronteira norte de Israel, onde são frequentes os duelos de artilharia entre o exército israelita e o Hezbollah do Líbano.
Um “funcionário local” do movimento apoiado pelo Irão e aliado do Hamas foi morto num ataque de drone israelita a um veículo perto de Baalbek, no leste do Líbano, a cerca de 100 quilómetros da fronteira, segundo uma fonte próxima do grupo.
O Hezbollah, que abriu uma frente contra Israel em apoio ao Hamas, anunciou este sábado que lançou “drones explosivos contra uma instalação militar” em Beit Hillel, no norte de Israel.
O Exército israelense, por sua vez, informou que interceptou “um alvo aéreo suspeito” e relatou a queda de “artefatos hostis” naquele local. Ele também indicou que realizou bombardeios contra “alvos terroristas” no sul do Líbano.
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