O novo primeiro-ministro trabalhista britânico, Keir Starmer, confirmou neste sábado (6) sua intenção de abandonar o plano do governo conservador anterior de expulsar migrantes irregulares para Ruanda.
O projeto “estava morto e enterrado antes mesmo de começar (…) Não estou disposto a continuar com medidas enganosas”, disse Starmer durante uma conferência de imprensa organizada após o primeiro conselho de ministros do novo governo britânico.
Durante a campanha eleitoral, o líder sindical já tinha anunciado a sua intenção de abandonar o projecto do governo anterior de fretar aviões para levar migrantes irregulares para o Ruanda.
O novo primeiro-ministro britânico, de 61 anos, cuja vitória nas eleições de quinta-feira pôs fim a 14 anos de governos conservadores, aposta numa estratégia de combate às máfias do tráfico de seres humanos para pôr fim à imigração irregular.
O seu antecessor, Rishi Sunak, tentou lançar estas expulsões para impedir a chegada contínua de migrantes em pequenos barcos através do Canal da Mancha, que separa as costas da Inglaterra e da França.
Segurança fronteiriça
Mas Sunak e o seu antecessor, também conservador e criador deste plano, Boris Johnson, sempre enfrentaram resistência por parte de organizações de direitos humanos.
A imigração tornou-se uma questão política importante no Reino Unido desde que este deixou a União Europeia (UE) em 2020.
Para Starmer, um elemento-chave na política para impedir a chegada de migrantes irregulares seria a criação de um novo comando de elite de segurança fronteiriça, composto por especialistas em imigração, com a ajuda do serviço nacional de inteligência MI5.
Mais de 13.000 pessoas chegaram à Grã-Bretanha este ano através do Canal da Mancha, um aumento de 18% em comparação com o mesmo período do ano passado, informou o Ministério do Interior do Reino Unido em Junho.
Em 2023, foram registadas 29.437 chegadas por esta rota, o que representou uma redução de 36% face ao registo de 45.774 pessoas em 2022.
Trabalhando pela “mudança”
Starmer disse numa conferência de imprensa que trabalhará “incansavelmente pela mudança”, acrescentando que o crescimento económico será a “missão número um do seu governo”.
Durante a reunião com membros do seu gabinete, avisou-os que “muito trabalho” os espera.
As principais figuras de sua equipe são a vice-primeira-ministra, Angela Rayner; a titular da pasta da Economia Rachel Reeves, primeira mulher a ocupar esse cargo no país, e o chefe da diplomacia David Lammy, advogado descendente de escravizados de origem guianense.
“Estou ansioso para fazer mudanças e acho, e espero, que o que vocês viram mostre isso”, disse ele. Os trabalhistas conquistaram 412 dos 650 assentos na Câmara dos Comuns, enquanto se aguarda os resultados da última assembleia de voto. Esta grande maioria permite-lhes governar sozinhos.
Estabilidade economica
Depois de assumir a liderança do seu partido há quatro anos, o antigo advogado conduziu os trabalhistas para tendências centristas, em contraste com o seu antecessor, Jeremy Corbyn, que estava mais à esquerda.
O Partido Trabalhista definiu várias prioridades durante a campanha, começando por alcançar a estabilidade económica no país.
Starmer prometeu uma gestão cuidadosa da economia, dentro de um plano de crescimento de longo prazo que inclui o fortalecimento dos criticados serviços públicos, especialmente o sistema de saúde.
De forma concreta, procura reduzir as listas de espera, com 40 mil consultas adicionais por semana.
A sua primeira aparição no cenário internacional acontecerá na próxima semana, com uma viagem a Washington para participar na cimeira da NATO.
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