O furacão Beryl tornou-se ainda mais poderoso e foi elevado esta segunda-feira à noite para a categoria 5, um fenómeno “potencialmente catastrófico”, depois de passar por várias ilhas do sudeste das Caraíbas, onde provocou fortes chuvas e ventos devastadores.
A previsão do Centro Nacional de Furacões (NHC, autoridade norte-americana que monitoriza estes fenómenos) é que a passagem deste furacão se prolongue até sábado, altura em que poderá atingir a costa norte do México, mas com menor intensidade.
Ainda segundo a entidade, nesta quarta-feira o Baryl poderá chegar às ilhas de Jamica e Cuba, chegando também à Nicarágua e Honduras, no continente da América Central. Na quinta-feira, o NHC espera que o furacão atinja Belize e o sul do México.
Na sexta-feira, continuará no Caribe, com possibilidade de aproximação a parte da costa leste do México, antes de, na manhã de sábado, chegar ao Texas, nos Estados Unidos, onde deverá perder completamente a força.
Até o momento, pelo menos duas pessoas foram encontradas mortas na ilha de Carriacou, no Caribe, e vídeos postados nas redes sociais mostram a destruição ali.
Num discurso nacional na manhã de terça-feira, o primeiro-ministro Dickon Mitchell relatou duas mortes na ilha de Carriacou, que foi diretamente afetada ontem por Beryl como um forte furacão de categoria quatro. Um homem foi morto em Granada quando uma árvore caiu sobre sua casa.
“A possibilidade de haver mais mortes continua a ser uma triste realidade”, disse Mitchell.
Beryl é agora a primeira tempestade de categoria 5 registrada no Atlântico e um furacão “potencialmente catastrófico” com ventos máximos sustentados de 260 quilômetros por hora, informou o NHC na segunda-feira.
Poucas horas antes, a Ilha Carriacou, em Granada, foi atingida diretamente pela “parede extremamente perigosa no olho do furacão”. Ilhas próximas, como São Vicente e Granadinas, também registraram “ventos catastróficos e tempestades ciclônicas potencialmente fatais”, disse o NHC.
“Em meia hora, Carriacou estava arrasado”, disse o primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell, em entrevista coletiva.
Imagens de vídeo obtidas pela AFP mostram chuvas torrenciais e ventos intensos em St. George, Granada. Durante a manhã, o NHC elevou Beryl à categoria 4 e classificou-o como “extremamente perigoso”.
“Não vá a lugar nenhum até obter luz verde”, pediu o Ministro de Relações Públicas de Barbados, Wilfred Abrahams.
Em Bridgetown, capital de Barbados, os carros faziam fila nos postos de gasolina, enquanto os supermercados e mercearias ficavam lotados de pessoas comprando comida, água e outros suprimentos.
Durante a tarde, as autoridades de Barbados, a ilha mais oriental das Ilhas de Barlavento (menor arquipélago das Antilhas), relataram danos causados por ventos fortes e chuvas torrenciais, mas afirmaram ter evitado o desastre, sem registo de feridos.
O serviço meteorológico da ilha rebaixou o alerta de furacão para alerta de vento até as 19h de Brasília. Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Granada estão em alerta de furacão, enquanto Martinica, Dominica e Trinidad alertam para uma tempestade tropical.
Em Trinidad e Tobago, os alertas para tempestade tropical e furacão expiraram simultaneamente, de acordo com o NHC. Em Tobago, a menor das duas ilhas, foi declarado estado de emergência e as escolas foram fechadas “até novo aviso”, segundo o chefe do governo, Farley Augustine.
Uma reunião do bloco regional caribenho Caricom marcada para Granada esta semana foi adiada devido ao furacão.
A caminho do México
Segundo os especialistas, uma tempestade tão poderosa no início da temporada de furacões, que vai do início de junho ao final de novembro no Atlântico, é extremamente rara. “Apenas cinco grandes furacões (categoria 3+) foram registrados no Atlântico antes da primeira semana de julho”, escreveu o especialista em furacões Michael Lowry na rede X.
Segundo os planos, Beryl continuará sua trajetória na madrugada desta terça-feira no estado mexicano de Quintana Roo (oeste), onde estão localizados os balneários de Cancún e Riviera Maya. “Estamos pendentes, a Proteção Civil, a Secretaria de Defesa e a Marinha (…) observando toda a trajetória”, disse o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, em rápidas declarações à imprensa em Cancún.
As autoridades mexicanas emitiram outro alerta devido à formação da tempestade Chris na noite de domingo no Golfo do México, o terceiro sistema da temporada do Atlântico. A tempestade tropical Alberto, a primeira da temporada na região, deixou pelo menos cinco mortos ao passar pelo norte do México há 10 dias.
Ondas de cinco metros
Os serviços meteorológicos da Martinica também previram mar muito agitado “especialmente nesta segunda-feira”. São esperadas ondas de 5 metros no canal Saint-Lucie, ao sul da ilha francesa.
A ‘Météo France’ prevê que a temporada de furacões de 2024 será “uma das mais intensas” nesta região. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) também previu uma temporada extraordinária no final de maio, com a possibilidade de quatro a sete furacões de categoria 3 ou superior.
A agência citou temperaturas quentes no Oceano Atlântico e condições relacionadas ao fenômeno climático La Niña no Pacífico para explicar o aumento das tempestades. Nos últimos anos, os fenómenos meteorológicos extremos, incluindo furacões, tornaram-se mais frequentes e devastadores como resultado das alterações climáticas.
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