Ex-estrategista de Trump, Steve Bannon começa a cumprir pena de 4 meses de prisão por desacato

O ex-estrategista político do Donald TrumpSteve Bannon, apresentou-se esta segunda-feira para começar a cumprir uma pena de quatro meses de prisão por desrespeito ao Congresso, durante as investigações ao ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Pouco antes de se entregar, ele disse estar “orgulhoso” de sua prisão e prometeu “tornar-se mais poderoso” atrás das grades.

Publicamente, Bannon não parecia abalado. Ao chegar à penitenciária de Danbury, Connecticut, ele disse estar “orgulhoso” por ter começado a cumprir pena.

Nas semanas anteriores, ele usou seu podcast para criticar o sistema de justiça, prometer “vingança” ao Departamento de Justiça e seus rivais e se apresentar como uma espécie de “mártir” moderno, vítima de um sistema do qual fez parte no passado, mas que hoje afirma ser contra ele e os seus aliados políticos.

— Serei mais poderoso na prisão do que sou agora — disse ele na semana passada em seu podcast.

Segundo a CNN, fontes próximas a Bannon afirmam que ele esperou até o último minuto para ser poupado da prisão, e que não escondeu a apreensão sobre sua estadia em Danbury, onde não terá acesso à internet, terá conexões telefônicas limitadas e onde ele não poderá trabalhar na campanha de Trump. Se não houver resposta, ele deverá estar na prisão no dia das eleições.

— Estou trabalhando 24 horas por dia nesta campanha — disse ele em seu podcast. — Terei um impacto ainda maior na campanha dentro da prisão do que tenho agora.

Apontado como um dos principais nomes por trás da vitória de Trump em 2016, e até hoje considerado um dos ideólogos do crescimento da extrema direita nos últimos anos, Bannon foi personagem importante nos acontecimentos que levaram ao ataque de janeiro de 2021, e as tentativas do republicano de reverter a derrota para Biden nas urnas, em novembro de 2020.

Portanto, o seu depoimento e a sua colaboração com a investigação foram considerados essenciais, mas ele, seguindo as ordens de Trump, mostrou-se relutante na medida do possível, ação classificada como tentativa de atrasar ou atrapalhar o processo.

Em julho de 2022, foi condenado por desacato ao Congresso e, em outubro daquele ano, sentenciado a quatro meses de prisão, em regime fechado. No início do mês, um juiz federal determinou que ele deveria se apresentar para começar a cumprir a pena até 1º de julho —na sexta-feira, o Supremo negou pedido para evitar a prisão enquanto um recurso era apreciado.

Apesar da retórica elevada no seu podcast e das entrevistas recentes, o papel de Bannon na campanha de Trump e a sua influência sobre ele não são exactamente claros. Em 2017, foi demitido do cargo de assessor presidencial, em meio a uma série de disputas internas. Mesmo assim, manteve-se próximo do republicano, tendo até recebido indulto presidencial, relacionado com acusações de fraude.

Hoje, os analistas veem semelhanças entre as ideias defendidas por Bannon, como o revanchismo contra membros da administração Biden e da Justiça, e o discurso do candidato presidencial, ainda que publicamente haja poucas interações entre os dois.

O antigo estratega político não é o único aliado de Trump a cumprir pena por acusações relacionadas com o inquérito da Câmara: em Setembro do ano passado, Peter Navarro, antigo conselheiro económico da Casa Branca, foi considerado culpado de desacato ao Congresso por se recusar a testemunhar.

Tal como Bannon, apelou ao Supremo Tribunal para evitar a prisão, sem sucesso — Navarro foi o primeiro ex-assessor da Casa Branca a ser preso por uma condenação por desacato ao Legislativo. Quando se entregou em março em um centro de detenção em Miami, disse ser inocente, promoveu um livro que lançaria em breve e acusou os juízes de agirem de forma partidária, culpando Biden e o Departamento de Justiça de agirem com “hostilidade”. contra Trump e aliados.

“Só tenho medo de uma coisa”, disse ele aos repórteres na época. — Temo pelo meu país, porque isto, o que estão a fazer, terá um efeito inibidor sobre todos os americanos, independentemente do seu partido.