A mineradora Samarco e suas acionistas Vale e BHP Billiton foram alvo de uma ação civil pública exigindo indenização de pelo menos R$ 3,6 milhões para reparação de danos morais coletivos causados às mulheres atingidas pelo rompimento da barragem ocorrido em 2015 na cidade de Mariana ( MG). No episódio, foi lançada uma avalanche de resíduos, resultando em 19 mortes e impactos em dezenas de municípios de Minas Gerais e Espírito Santo ao longo da bacia do Rio Doce.
A ação, ajuizada na Justiça Federal na última sexta-feira (21), é assinada conjuntamente por seis instituições de justiça: Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Defensoria Pública da União (DPU) e defensorias públicas em ambos os estados. Alegam que o processo reparatório empreendido pelas três mineradoras e executado pela Fundação Renova demonstrou tratamento diferenciado de acordo com o gênero e violou os direitos das vítimas, tanto na fase de cadastramento como na implementação das medidas.
Além de buscarem indenização por danos morais coletivos, também querem que valores sejam estabelecidos como indenização individual. De acordo com nota divulgada nesta segunda-feira (24) pelo MPMG e pelo MPF, foram acrescentados ao processo relatórios e documentos para comprovar as denúncias.
“A ação exige ainda, entre outros pedidos, o pagamento, pelas empresas, de uma indenização mínima de R$ 135.552,00 para cada mulher atingida por dano material causado pela violação sistemática de direitos humanos e no mínimo R$ 36 mil pelos danos morais sofreu”, diz o texto. Segundo o MPMG e o MPF, a ação está alinhada ao Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero formulado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas diretrizes passaram a ser obrigatórias desde 14 de março de 2023.
A reparação dos danos causados pela tragédia tem como base um acordo firmado entre as três mineradoras, o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo. Mais de 40 programas foram estabelecidos. O modelo implementado, com a criação da Fundação Renova para gerir todas as medidas, é hoje considerado malsucedido pelos governos envolvidos e também pelas instituições de justiça. Depois de quase nove anos, mais de 85 mil casos relacionados à tragédia tramitam no Judiciário brasileiro. As negociações para renegociar o acordo em busca de uma solução para essa responsabilidade jurídica já se arrastam há mais de dois anos, mas os valores oferecidos pelas mineradoras ainda não atendem às expectativas do governo.
Assim como as três mineradoras, a Fundação Renova também é alvo da nova ação movida por instituições de justiça. Procurado por Agência Brasil, a Samarco afirmou que não foi notificada e que não comentará o assunto. Vale e BHP Billiton também disseram que não foram notificadas. A Fundação Renova, por sua vez, informou que a entidade “desconhece a referida ação judicial e reforça seu compromisso com a reparação e ressarcimento dos danos causados pelo rompimento da barragem”.
Registro
Segundo as instituições de Justiça, embora existam números semelhantes de homens e mulheres no cadastro dos atingidos, houve redução da participação das vítimas do sexo feminino nas audiências realizadas pela Fundação Renova para coleta de dados primários: representavam apenas 39% dos todas as pessoas envolvidas. Além disso, apenas 34% das mulheres foram listadas como economicamente responsáveis pelo agregado familiar.
As instituições afirmam que o registro é uma porta de entrada para programas reparadores, de modo que a reduzida participação na coleta de dados gera efeitos excludentes e oculta a realidade das mulheres vítimas. Além disso, afirmam que a Fundação Renova adotou o conceito de família patriarcal como se fosse a única possibilidade de formação de núcleos familiares. Portanto, muitas mulheres teriam sido obrigadas a obter autorização do marido para acessar e fazer ajustes nos dados.
A necessidade de prestar muita atenção aos atingidos por comunidades negras, indígenas e tradicionais, como os quilombolas, também é destacada na ação. Além de pagar indenizações, as instituições signatárias querem revisar os dados de todas as mulheres cadastradas, mapeando exclusões indevidas no acesso aos programas e garantindo o pagamento retroativo e atualizado nestes casos.
A ação também aponta que o processo reparatório carece de ações afirmativas com as diferenças de gênero e reforça as desigualdades. É citada uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na qual foram notificados 154 casos envolvendo problemas de saúde mental. Em 71,4% delas foi relatada sobrecarga de trabalho doméstico. As instituições exigem a criação de uma matriz de danos que reconheça as atividades laborais típicas das mulheres.
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