O governo espera fechar em breve o acordo para renegociar a reparação dos danos causados pela tragédia ocorrida em Mariana (MG) em 2015. A expectativa é que sejam garantidos R$ 100 bilhões em dinheiro novo. A proposta envolve ainda R$ 30 bilhões convertidos em obrigações a serem implementadas diretamente pelas mineradoras envolvidas: Samarco, Vale e BHP Billiton. As empresas afirmam já ter destinado cerca de R$ 37 bilhões ao processo de reparação.
“Em dezembro de 2022, foi anunciado que o acordo estava em andamento com previsão de R$ 49 bilhões em dinheiro novo. Depois que assumimos o governo, conseguimos mais que dobrar isso. proposta Considerando os R$ 30 bilhões em obrigações a serem assumidas e os R$ 37 bilhões em despesas já realizadas, será o maior acordo do planeta, totalizando R$ 167 bilhões”, disse o Ministro de Minas e Energia. , Alexandre da Silveira, após participar nesta quinta-feira (20) de reunião no Rio de Janeiro que discutiu uma possível retomada do horário de verão.
“Esse seria o mínimo para podermos reparar. Há impactos permanentes. Há problemas que nenhuma quantidade de dinheiro no mundo será capaz de mudar”, acrescentou. A barragem que rompeu fazia parte de um complexo minerário da Samarco localizado na zona rural do município de Mariana. Na época, cerca de 39 milhões de metros cúbicos de resíduos escorriam pela Bacia do Rio Doce. Dezenove pessoas morreram e houve impactos nas populações de dezenas de municípios até a foz do Espírito Santo.
Em março de 2016, a Samarco, suas acionistas Vale e BHP Billiton, a União e os governos de Minas Gerais e Espírito Santo assinaram um acordo formalizado por meio de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), que estabeleceu uma série de ações reparatórias. O documento trata de diversos assuntos como indenização individual, reconstrução de comunidades destruídas, recuperação ambiental, apoio aos produtores rurais, etc. Todas as medidas são conduzidas pela Fundação Renova, criada a partir do TTAC. As empresas mineiras são responsáveis pela nomeação da maioria dos membros da estrutura de governação da entidade. Cabe-lhes também garantir os recursos necessários.
Oito anos e sete meses após o episódio, ainda existem vários problemas não resolvidos. Mais de 85 mil processos tramitam no Judiciário brasileiro, entre ações civis públicas, ações coletivas e individuais. Em busca de uma solução, as negociações para renegociar o acordo já se arrastam há três anos. Até o momento não houve consenso.
No início do mês, o presidente Lula anunciou que o acordo sairia em outubro. O ministro Alexandre da Silveira, porém, tirou o foco dessa possibilidade. “Quero deixar registrado: nunca estabeleci um prazo. Estou trabalhando para que seja o mais rápido possível, mas ainda faltam algumas questões objetivas”, disse. Segundo ele, estão sendo discutidas questões técnicas e jurídicas. Também ainda não há consenso sobre prazos e formas de pagamento.
Modelo Brumadinho
Silveira descartou que o acordo seja inspirado no marco estabelecido para reparar a tragédia ocorrida em Brumadinho (MG), em 2019. No episódio, o rompimento de uma barragem da Vale ceifou 272 vidas e causou danos ambientais na bacia do rio Paraopeba. O acordo de reparação foi selado em 2021, prevendo um aporte de R$ 37,68 bilhões.
Segundo o ministro, os interesses eleitorais influenciaram a inclusão de medidas que beneficiaram diferentes cidades do estado, mesmo as mais distantes da área afetada, e os moradores de Brumadinho ficaram desamparados. O acordo garantiu recursos para grandes obras que estavam sob gestão do Executivo mineiro, como as reformas ou conclusões de seis hospitais regionais e a construção de um Rodoanel que contornará a região metropolitana de Belo Horizonte.
“Na minha opinião, houve um crime contra o país, contra o povo de Brumadinho e a população atingida. Hoje há pânico em Brumadinho porque em 2026 o auxílio mensal recebido pelas famílias e o financiamento da saúde pública da região que é realizado acabará. Os recursos foram dispersos por todo o estado e os impactos emocionais, mentais e de saúde pública são inexoráveis”, diz ele.
Apesar das críticas, um novo acordo para Mariana deverá ter semelhança em relação ao que foi feito para Brumadinho. O envolvimento de entidade semelhante à Fundação Renova deve ser descartado. Por outro lado, devem ser garantidos valores para remuneração individual. No caso de Brumadinho, eles ficaram de fora do acordo e passaram a ser tratados separadamente.
Nova gestão
No final de agosto, o conselho de administração da Vale elegeu um novo presidente: Gustavo Pimenta foi escolhido para substituir Eduardo Bartolomeo. A mudança parece ter gerado otimismo no governo quanto ao resultado das negociações. O ministro disse que espera reunir-se em breve com o novo presidente da mineradora.
“A Vale viveu um momento de acefalia de liderança. Eu falei isso e falaram até que eu queria interferir na escolha do novo presidente. E para mim poderia ser o José, a Maria, o Joaquim. O importante era ter alguém para responder para a empresa, acho que a Vale tem um modelo fracassado no mundo. Sou absolutamente crítico em relação ao modelo de corporação de capital disperso, porque você nunca sabe com quem está falando. Uma pessoa empurra a outra e ninguém responde por nada. aos interesses do povo brasileiro, eles continuam empurrando com a barriga. Não vamos deixar isso acontecer. Estamos extremamente dedicados a reparar os danos ao povo mineiro e ao povo capixaba”, disse Silveira.
Procurado por Agência BrasilA Vale não comentou a declaração do ministro. A mineradora reiterou o comunicado ao mercado divulgado no dia 11 de setembro. “Até o momento não foi alcançado nenhum acordo definitivo. A Companhia espera chegar a um acordo final no processo de mediação em outubro de 2024, que será devidamente divulgado ao mercado”, registra o texto.
Entidades representativas dos afetados têm acompanhado de forma crítica os anúncios envolvendo a renegociação. Questionam a condução das negociações sob sigilo, sem a presença dos líderes das comunidades impactadas. Segundo carta divulgada no mês passado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), os R$ 100 bilhões seriam insuficientes para garantir a reparação integral a todas as famílias atingidas. “No exterior, os atingidos estão processando a BHP buscando indenização e a conta certamente será muito maior”, destaca o documento em referência a uma ação judicial que tramita no Reino Unido.
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