O juiz Marcos Augusto de Sousa, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), com sede em Brasília, decidiu nesta sexta-feira (20) conceder prisão domiciliar ao pescador Oseney da Costa de Oliveira, um dos três réus acusados do homicídio do agricultor indígena. Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, ocorrido na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, em 2022.
A prisão domiciliar foi solicitada pela defesa do acusado. Os advogados alegaram que Oseney tem problemas de saúde e citaram a necessidade de uma colonoscopia para tratar sangramento intenso na região retal. Antes de sair da prisão, Oseney deverá colocar tornozeleira eletrônica para ser monitorado em Manaus, onde permanecerá na casa de um parente.
Além da questão sanitária, Oseney da Costa foi beneficiado pela decisão da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF), que, nesta terça-feira (17), rejeitou a denúncia do Ministério Público contra ele.
O colegiado acompanhou a votação proferida pelo desembargador Marcos Augusto. Na avaliação do juiz, não há provas da participação de Oseney nos homicídios de Bruno e Dom.
Quanto aos réus Amarildo e Jefferson, o juiz decidiu manter a decisão que levou os réus a julgamento no Tribunal do Júri de Tabatinga (AM). Eles permanecerão na prisão.
Entender
Bruno e Dom foram mortos no dia 5 de junho de 2022, vítimas de uma emboscada, enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas, região que abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.
Os dois foram vistos pela última vez durante um trajeto da comunidade São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se encontrariam com lideranças indígenas e comunidades ribeirinhas. Os corpos de Bruno e Dom, que estavam enterrados em uma área de mata fechada, a cerca de 3 quilômetros da calha do rio Itacoaí, foram resgatados dez dias depois.
Colaborador de jornal britânico O GuardiãoDom se dedicava à cobertura jornalística ambiental – incluindo conflitos fundiários e situação dos povos indígenas – e preparava um livro sobre a Amazônia.
Bruno Pereira já havia ocupado a Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém-Contatados da Fundação Nacional do Índio (Funai) antes de se afastar da fundação, sem remuneração, e passar a trabalhar na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Por seu trabalho em defesa das comunidades indígenas e pela preservação do meio ambiente, recebeu diversas ameaças de morte.
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