O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), com sede em Brasília, acolheu, nesta terça-feira (17), o recurso de um dos três réus acusados do assassinato do indígena Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorrido em Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, em 2022.
A decisão de hoje anula a deliberação da Justiça Federal de Tabatinga (AM) que levou o réu Oseney da Costa de Oliveira a julgamento no Tribunal do Júri. O entendimento deverá permitir a libertação de Oseney nos próximos dias. A liberação deverá ser concedida pelo relator do caso, desembargador Marcos Augusto de Sousa.
Os desembargadores da Quarta Turma do TRF analisaram recursos de Amarildo da Costa de Oliveira, Jefferson da Silva Lima e Oseney da Costa de Oliveira contra a decisão pronunciamento, proferida em outubro de 2023, que determinou que os acusados fossem julgados pelo Tribunal do Júri . Eles são presos e respondem pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.
O colegiado acompanhou a votação proferida pelo desembargador Marcos Augusto. Na avaliação do juiz, não há provas da participação de Oseney nos homicídios, e a acusação do Ministério Público “não colocou Oseney na cena do crime”. No dia do crime, ele deu carona a Amarildo, seu irmão, de canoa.
“O réu estava nas proximidades da cena do crime. Local do crime e cena do crime são coisas diferentes”, disse ele.
Em relação aos réus Amarildo e Jefferson, o juiz decidiu manter a decisão que leva os réus ao banco dos réus.
“Afirmo que há nos autos indícios de materialidade de homicídio e ocultação de cadáver”, afirmou.
Os advogados dos réus defenderam a nulidade da sentença. O advogado Lucas Sá, que representa Amarildo e Oseney, alegou restrições da defesa por falta de acesso a provas. O defensor disse ainda que Amarildo foi torturado para confessar o crime. A defesa de Jefferson disse que não há provas de que o acusado tenha participado do assassinato.
Entender
Bruno e Dom foram mortos no dia 5 de junho de 2022, vítimas de uma emboscada, enquanto viajavam de barco pela região do Vale do Javari, no Amazonas, região que abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.
A dupla foi vista pela última vez durante um trajeto da comunidade São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte (AM), onde se reuniriam com lideranças indígenas e comunidades ribeirinhas. Seus corpos foram recuperados dez dias depois. Eles foram enterrados em uma área de mata densa, a cerca de 3 quilômetros da calha do rio Itacoaí.
Colaborador de jornal britânico O GuardiãoDom se dedicava à cobertura jornalística ambiental – incluindo conflitos fundiários e situação dos povos indígenas – e preparava um livro sobre a Amazônia.
Bruno Pereira já havia ocupado a Coordenação Geral dos Índios Isolados e Recém-Contatados da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) antes de se afastar do órgão, sem remuneração, e passar a trabalhar na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja ). Por seu trabalho em defesa das comunidades indígenas e na preservação do meio ambiente, recebeu diversas ameaças de morte.
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