A crise no futebol sul-mato-grossense parece não ter fim. A cada dia, um capítulo diferente, com novas tramas e reviravoltas, numa novela que parece não ter final feliz. A denúncia do presidente do Comercial, Cláudio Barbosa, sobre denúncias de irresponsabilidade fiscal cometidas por Estevão Petrallás gerou uma crise sem precedentes e alimentou ainda mais um Comerário que será decidido na Justiça.
Após a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) declarar que Estevão Petrallas tem condições de comandar a federação mato-grossense pelos próximos 90 dias, o presidente do Comercial, Cláudio Barbosa, abriu as contas da federação e apresentou irregularidades fiscais que podem comprometer a gestão dos Petrallas. continuidade à frente da federação.
Conforme antecipou ontem (5) o Correio do Estado, Estevão Petrallas estaria irregular como gestor interino devido à falta de prestação de contas em 2016, quando presidiu a Liga de Futebol Profissional de Mato Grosso do Sul. Na época, ele solicitou acordo para a participação do Operário no Campeonato Sul-Mato-Grossense.
Esses acordos foram solicitados diretamente ao Fundesporte, com o dinheiro vindo do FIE/MS (Fundo de Investimento Esportivo), no valor de R$ 51.590. O restante dos valores foi destinado a cobrir equipamentos esportivos, hospedagem, alimentação, transporte e transmissão dos jogos.
A dívida na época não foi quitada e é de R$ 131.500,00, valor atualizado em 24 de janeiro do ano passado. O prazo para pagamento voluntário era 22 de julho de 2022.
A denúncia foi encaminhada ao TJD e o promotor Adilson Viegas declarou na tarde de ontem que a análise era procedente e afirmou que Petrallas estaria irregular em sua atuação como presidente interino da FFMS.
“[…] Nunca fui condenado por atos de improbidade ou gestão temerária, e não há fato que desacredite minha elegibilidade para assumir qualquer cargo público ou gestão de entidade esportiva”, afirma Petrallás em nota divulgada pela assessoria de imprensa.
Ainda segundo o texto assinado por Estevão, há certidões de ações cíveis e criminais que não demonstram qualquer condenação por atos de improbidade ou gestão temerária.
O atual dirigente interino da federação ainda declara que a denúncia do Esporte Clube Comercial não é verdadeira, pois ele não estaria mais no comando da Liga MS de Futebol em 2016.
“No processo citado nas falsas acusações perpetradas pelo presidente do Esporte Clube Comercial, é importante esclarecer que meu mandato à frente da Liga Mato-grossense de Futebol vigorou de 6 de maio de 2013 a 5 de maio de 2016, por isso, não fui intimado para responder a nenhuma ação judicial referente a eventual inconsistência no acordo nº 25.536/2016 e não representei mais a Liga Sul-mato-grossense de Futebol à época dos fatos”, mencionou.
Divulgação/Denúncia no TJD
Conforme antecipou o Correio do Estado na tarde de ontem, o procurador-geral da República, Adilson Viegas, acatou as denúncias do presidente do Comercial, Cláudio Barbosa, e aprovou como procedentes os relatórios que demonstram crimes de responsabilidade fiscal, cometidos pelo dirigente interino da Federação de Futebol do Mato Grosso do Sul (FFMS).
De acordo com a denúncia apresentada, Petrallas estaria inelegível a partir de 2016 para ocupar tal cargo, nos termos dos artigos 65 da Lei nº 14.597/2023 e 53 do estatuto da FFMS.
O motivo das denúncias seria o ato de inadimplência na prestação de contas e utilização de recursos recebidos de órgãos públicos durante a presidência da Liga Regional de Futebol, em 2016.
Após análise, o Tribunal de Justiça Desportiva afirmou que Estevão Petrallas é inelegível e encaminhou os documentos à Confederação Brasileira de Futebol. O caso será enviado para julgamento, que deve ocorrer na próxima semana.
Assembleia do clube
Conforme apurou a reportagem, o grupo de WhatsApp onde presidentes de clubes trocam informações nunca esteve tão movimentado. O silêncio de alguns nomes e a coragem de outros demonstraram perspectivas para o futuro da federação
Na semana passada, os clubes se reuniram para definir os próximos passos da federação após a prisão de Francisco Cezário, acusado de desvio de mais de R$ 6 milhões em recursos públicos.
O que teria sido uma reunião decisiva terminou em decepção para metade dos clubes filiados à federação. Isso ocorreu quando o presidente do Operário, Nelson Antônio, responsável pela reunião, anunciou o nome de Estevão Petrallás como membro interino da Federação Mato-grossense de Futebol.
A atmosfera era pacífica, mas terminou tragicamente. Alguns presidentes não concordaram com a ação, principalmente ao perceberem que Estevão Petrallas estaria no Rio de Janeiro, apresentando-se como interveniente sem informar os clubes, o que foi visto pelos dirigentes como uma ‘traição’. Eles deixaram a mesa antes de fechar. Outros demonstraram total insatisfação, apresentando-se como presidentes da federação.
Na tarde desta sexta-feira (7), os presidentes se reunirão novamente para decidir quem está apto a ser dirigente interino da federação pelos próximos 90 dias.
Essa definição pode mudar os rumos da federação, até porque muita coisa precisa ser definida, como a modificação do estatuto da FFMS, entre outras ações. Os campeonatos juvenis sub 17 e 20, além do Campeonato Sul-mato-grossense, estão prestes a começar e parece que não há definição de paz para os clubes, que precisam administrar sua gestão e pensar em 2025.
Quais são os nomes que estão sendo pesquisados?
Segundo o Correio do Estado, vários nomes têm se destacado entre os dirigentes. A reunião de amanhã poderá definir os rumos da Federação Sul-mato-grossense de Futebol.
Após o presidente do Comercial, Cláudio Barbosa, prestar contas ao TJD sobre a gestão de Estevão Petrallas em 2016 à frente da Liga Mato-grossense de Futebol, nomes como Marcelo Miranda, que está à frente da Fundesporte (Fundação de Esportes e Lazer) e Alfredo Zanutti ganharam destaque entre os presidentes de clubes.
Outros nomes como o do presidente da Portuguesa, Gilmar Ribeiro, de Fabinho Manso, presidente do União ABC, e de Éder Cristaldo, presidente do Novo Futebol Clube, foram investigados, mas esses nomes só poderão ser homologados em caso de mudança no estatuto da federação .
Mas outros dirigentes, sabendo que ainda não há sindicato para escolher um nome de confiança, estão pensando agora e devem colocar na mesa o nome do procurador do Tribunal de Justiça Desportiva, Patrick Hernandes, para ser interventor da FFMS pelos próximos 90 dias.
“O maior problema é o ego dos clubes, muitos ainda pensam em si e não querem abrir mão dos seus benefícios. Já falei para eles que precisamos de união e definir quem vai mudar o estatuto da FFMS. Em seguida, analisamos mais de perto quem poderá ser o dirigente da federação nos próximos anos. Temos campeonatos para disputar agora e não sabemos o que vai acontecer”, disse um dos dirigentes que terá nome preservado.
Este é o caminho?
Em 2018, uma crise sem precedentes atingiu a Federação Paraibana de Futebol (FPF). Depois que o presidente da federação na época, Nosman Barreiro, foi afastado do cargo por corrupção dentro da federação. Por conta disso, o Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Paulo César Salomão Filho, concedeu liminar movida pelo Treze, solicitando a intervenção do STJD para conduzir os trabalhos da federação.
Ainda segundo Salomão, a federação paraibana na época não poderia continuar sem nenhum comando, alegando que as competições nacionais poderiam atrapalhar o Treze e o Ferroviário. Por isso, o STJD nomeou o auditor João Bosco Luz, membro do Plenário do STJD e ex-presidente de Goiás, para atuar como interventor na Federação Paraibana de Futebol, convocando, com a maior brevidade e periodicidade possível, a eleição dos novos Presidente e Vice-Presidente da Instituição, nos termos do artigo 37 do seu Estatuto.
Conforme noticiado pelo G1 da Paraíba, por causa da intervenção, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) administrou toda a logística dos clubes, até a escolha do novo interveniente.
Devido à punição recebida, Nosman Barreiro foi impedido de exercer a presidência da Federação Paraibana de Futebol, após confessar crimes de corrupção dentro da federação. A Operação Cartola cumpriu 39 mandados de busca e apreensão em cinco cidades da Paraíba e investigou possíveis atos de corrupção e suposta manipulação de resultados na principal competição de futebol do estado.
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