Com dívidas milionárias e pendências trabalhistas, o Esporte Clube Comercialum dos maiores clubes do estado, busca ajuda para evitar o fechamento. Após derrota por 2 a 0 para o Águia Negra pelo Campeonato Sul-Mato-Grossense da Segunda Divisão, o presidente Cláudio Barbosa desabafou, afirmando que o clube precisa urgentemente de apoio financeiro para cumprir seus compromissos.
A situação financeira do Comercial é crítica, segundo o presidente do clube, Cláudio Barbosa. Com dívidas milionárias do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) superiores a R$ 3 milhões, o “homem vermelho” enfrenta mais de R$ 3 milhões em questões trabalhistas a serem resolvidas, acumuladas desde a gestão de Walter Magnini até os dias atuais.
Temos 35 dívidas trabalhistas que datam de 2007, quando Walter Magnini contratou 25 atletas e não pagou ninguém. Outras dívidas são de 2009/2010 e de gestões anteriores, e os valores são surreais, impossíveis de serem quitados integralmente. Perdemos até a Vila Olímpica para a Justiça. A situação é interminável e preocupante. Se você realmente quer ajudar o clube, agora é a hora. Amigos e empresários comerciais, ajudem o clube antes de fecharmos de vez”, relatou em entrevista à Rádio Esporte MS.
Questionado sobre o futuro do Esporte Clube Comercial, o presidente Cláudio Barbosa é enfático ao afirmar que a mentalidade atual é transformar o clube, nove vezes campeão estadual, em uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol).
“Só a SAF garante realmente o pagamento desta dívida”, lamentou.
Qual é o futuro do clube?
Além das inúmeras dívidas, atualmente impagáveis, o Esporte Clube Comercial também precisa cumprir com as suas obrigações desportivas. O clube, que foi rebaixado na temporada 2023 do Campeonato Sul-Mato-Grossense, mergulhou em um poço sem fim.
Após a queda, o clube voltou suas atenções para o futebol de base, garantindo instalações de treinamento no Tênis Clube de Campo Grande e hospedagem para jovens atletas. Porém, o grande problema é financeiro: garantir que as crianças permaneçam no clube e que o Colorado possa pagar a alimentação e o transporte para elas.
Sem sucesso na base, o Esporte Clube Comercial se viu pressionado no início deste ano para reforçar o elenco para tentar retornar à elite do futebol mato-grossense.
O Colorado anunciou no dia 13 de agosto a contratação de 17 jogadores, incluindo alguns jogadores consagrados no futebol sul-mato-grossense, como o goleiro Rodolpho, o meio-campista Juninho Pavi e o lateral Lucas Paulista, entre outros nomes experientes.
Infelizmente, o clube não alcançou o resultado que tanto desejava. Em dois jogos pelo Campeonato Estadual da Série B, o time “vermelhozinho” perdeu as duas partidas e caiu para a parte de baixo da tabela.
Como o campeonato estadual da Segunda Divisão é curto, a pressão aumentou. Na manhã de ontem (16), o analista de desempenho Murilo Santos, o preparador de goleiros Michel Correia e o preparador físico Henrique Fortes entregaram seus cargos.
“Temos um compromisso com a Série B e precisamos cumpri-lo. Mesmo com duas derrotas, acredito que conseguiremos o acesso e estamos em busca de nomes para preencher as lacunas na comissão técnica”, relatou o presidente Cláudio Barbosa ao Correio Estadual.
Para colocar o time em campo e cobrir salários, luvas e despesas com viagens, o Comercial precisa de R$ 800 mil para fechar o mês.
“O campeonato dura quatro meses e preciso de R$ 800 mil para poder cumprir meus compromissos. Se não conseguirmos o acesso teremos que dar mais atenção à base e nos afastar totalmente das competições profissionais”, explicou ao Correio Estadual.
Apesar dos esforços para cumprir os compromissos actuais, o futuro permanece incerto. Caso o clube não consiga o acesso à elite do futebol mato-grossense a preocupação será ainda maior.
“Estou muito desanimado com tudo o que está acontecendo. Estou lutando sozinho e enfrentando problemas de saúde. Vou até 2025 e devo deixar definitivamente o clube. Espero até lá encontrar alguém sério que queira dirigir o clube”, relatou em entrevista à Rádio Esporte MS.
Tornar-se SAF é uma solução?
Em entrevista com Correio Estadual nesta segunda-feira (16), o presidente Cláudio Barbosa afirmou que há meses conversa com empresas paulistas e que transformar o Comercial Esporte Clube em SAF (Sociedade Anônima do Futebol) é a única solução para resolver os problemas.
“Nos últimos meses conversei com empresários paulistas que procuravam clubes para investir. Até evoluímos nas conversas, mas não me senti seguro. Encontraram espaço para investir no Botafogo-PB. Estamos abertos a conversar com empresas e empresários, mas é fundamental que sejam sérios, pois o futebol exige investimentos significativos”, explicou.
História
Fundado em 15 de março de 1943 pelo esportista Etheócles Ferreira, o Esporte Clube Comercial teve seus primeiros jogadores oriundos do Colégio Dom Bosco e permaneceu amador por 29 anos. Seu primeiro recorde profissional ocorreu em 1972, quando disputou um torneio para definir o representante do estado no Campeonato Brasileiro de 1973. O Comercial foi campeão, tornando-se o primeiro time a representar o estado de Mato Grosso no Campeonato Brasileiro.
A partir dessa data, principalmente na década de 1980, o Esporte Clube Comercial conquistou nove títulos estaduais em Mato Grosso do Sul (1982, 1985, 1987, 1993, 1994, 2000, 2001, 2010 e 2015). O clube já foi campeão em dois estados diferentes: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que se tornaram estados separados em 1979. O Comercial foi o primeiro time a representar Mato Grosso no Campeonato Brasileiro da primeira divisão e o último a representar Mato Grosso do Sul.
Em 1981, foi realizada a segunda edição da Taça de Prata, também conhecida como Campeonato Brasileiro Série B, com a participação de 48 equipes. O Comercial terminou a competição na 4ª colocação. Além disso, o clube ficou em 3º lugar na última edição da Copa Centro-Oeste e em 7º lugar na Copa do Brasil de 1994.
Em 2015, o Colorado sagrou-se campeão estadual, conquistando seu 9º título mato-grossense.
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