Izquierdo: ‘Se a vítima parou e está deitada, é preciso imediatamente o desfibrilador’, diz médico

O caso do jogador do Nacional uruguaio Juan Manuel Izquierdo, falecido nesta terça-feira após sofrer uma parada cardiorrespiratória por arritmia cardíaca durante uma partida da última quinta-feira, esclarece a importância do desfibrilador e do preparo para o uso do desfibrilador. dispositivo.

O atleta de 27 anos passou mal durante jogo contra o São Paulo, no estado de São Paulo, e foi levado ao Hospital Albert Einstein.

Segundo a unidade, ele chegou em parada cardiorrespiratória – quando o coração para de bater e a pessoa para de respirar – e precisou ser reanimado. Os exames dos dias seguintes revelaram um “quadro neurológico crítico”.

A parada foi causada por uma arritmia cardíaca – alteração nos batimentos cardíacos que pode ou não ser grave.

No caso de Izquierdo, o secretário nacional de Esportes do Uruguai, Sebastián Bauzá, disse que já havia apresentado uma “leve arritmia” em exames médicos realizados por um programa governamental há 10 anos, e que foi informado.

Abaixo dos 35 anos, as causas tendem a ser doenças adquiridas geneticamente ou hereditárias.

O cardiologista Alexsandro Fagundes, presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), explica que, em casos graves, a arritmia pode fazer com que o coração pare, o que consequentemente faz com que o órgão deixe de bombear o sangue, que transporta oxigênio, para o resto do corpo.

Com isso, o primeiro tecido a sofrer com a falta de oxigenação é justamente o cérebro, que só pode durar no máximo cerca de 5 minutos antes de desenvolver consequências possivelmente irreversíveis, afirma o médico.

Por isso, cada segundo de cuidado conta, e o que pode fazer a diferença é o uso de um desfibrilador – aparelho que produz um choque elétrico no coração para restaurar o ritmo cardíaco.

Ele cita como exemplo o caso de Christian Eriksen, jogador dinamarquês que sofreu uma parada cardíaca em campo durante um jogo da Eurocopa em 2021. Ele foi reanimado ainda no estádio e, em junho deste ano, voltou às partidas. .

— Quando analisamos o caso de Christian Eriksen, tivemos uma reanimação com muito sucesso e hoje ele está bem e ativo. Mas nos episódios que vemos, tanto o do Serginho (jogador do São Caetano que também morreu após parada cardíaca em campo, há 20 anos), quanto o do Izquierdo, tivemos essa tragédia. É um aparelho muito importante, é como um extintor de incêndio. Ele salva vidas e pode ser manuseado por qualquer pessoa com treinamento clássico.

Pelas informações divulgadas até o momento, não está claro se a parada cardíaca começou em campo ou quando o atleta se dirigia ao hospital. Mas Fagundes afirma que o desfibrilador poderia ter sido usado no gramado porque detecta se há indicação de choque ou não:

— Não sabemos todas as circunstâncias que ocorreram, mas se a vítima parou e está deitada, é necessário colocar imediatamente o desfibrilador no peito do paciente porque ele irá analisar os batimentos cardíacos. É semiautomático e avisa se o choque é indicado. Nesse caso, isso deve ser feito imediatamente. Essa é uma ação que ainda poderia ter sido feita em campo.

Desde 2005, uma lei municipal exige que estádios de futebol de São Paulo que recebam mais de mil pessoas tenham em suas dependências um aparelho desfibrilador externo automático.

Esta obrigação, tal como acontece com as ambulâncias, no entanto, não é nacional – embora alguns projetos de lei tenham sido propostos, nenhum foi sancionado.

— Esta obrigação depende da legislação de cada município. O poder público já entendeu isso na maioria das cidades, em muitos locais temos essa obrigatoriedade, assim como academias e shoppings. Mas também é importante ter educação, treinamento e protocolos gerenciados para que as pessoas envolvidas no resgate utilizem o aparelho da forma mais rápida e adequada possível — afirma Fagundes.