O atual dirigente interino da Federação Sul-mato-grossense de Futebol (FFMS), Estevão Petrallás, teve seu mandato prorrogado por mais 90 dias pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) na última sexta-feira (23). Petrallás assumiu a entidade após a saída de Francisco Cezário, investigado na Operação Cartão Vermelho e acusado de desviar R$ 6 milhões da Federação entre 2018 e 2023.
De acordo com a nota assinada pelo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o representante da FFMS está autorizado a continuar à frente da entidade, exercendo suas funções.
“Pela manutenção dos fatores que justificaram sua nomeação inicial”, apontou a CBF. O período permitirá, segundo a FFMS, que a actual gestão continue a desempenhar as suas funções, de forma a garantir a continuidade dos projectos em curso.
Estevão Petrallás esteve à frente da FFMS até o dia 25 de agosto, porém a portaria da CBF foi publicada na última sexta-feira (23), confirmando sua continuidade com o trabalho no comando da federação. O segundo mandato termina apenas no dia 23 de novembro.
Próximos 90 dias
Nas últimas reuniões para definição do estatuto da federação, Estevão Petrallás deixou claro ao repórter o desejo de ampliar os torneios de futebol de base, como as competições sub-9 e sub-11, neste ano.
Outra questão que o atual gestor interino precisa definir é a situação dos estádios de Mato Grosso do Sul. Na semana passada, o Ministério Público Estadual (MPE) abriu inquérito civil sobre a falta de segurança no Estádio Jacques da Luz, em Campo Grande, administrado pela Funesp (Fundação Municipal de Desportos). Atualmente a FFMS está cuidando do gramado e da pintura do estádio.
Na semana passada, às Correio EstadualPetrallás afirmou que, caso permaneça, deverá reformar também a cabine de imprensa de Jacques da Luz para oferecer mais conforto aos jornalistas da Capital, além dos vestiários, para garantir mais segurança aos times do Comercial e do União ABC, na Série B , e Operário e Portuguesa, na Série A estadual em 2025.
“Nós, da federação, estamos cuidando exclusivamente do caso do Jacques da Luz e, nesta sexta, vou me reunir com a Funesp para entender o que precisamos entregar para que seja aprovado o mais rápido possível”, relatou o presidente da FFMS , Estevão Petrallás, ao Correio do Estado.
Operação Cartão Vermelho
O ex-prefeito de Rio Negro e presidente da Federação Mato-grossense de Futebol, Francisco Cezário, é um dos pelo menos cinco presos no dia 21 de maio, durante a Operação Cartão Vermelho, que aponta o desvio de mais de R$ 6 milhões de da Federação, apenas entre 2018 e o ano passado. Mais de 800 mil reais foram apreendidos em sua casa.
A Justiça expediu sete mandados de prisão e 14 mandados de busca e apreensão e pelo menos cinco pessoas foram presas e encaminhadas para o Cepol, delegacia no bairro Tiradentes. Francisco Cezário é advogado e por isso a prisão foi acompanhada por representantes da OAB.
Policiais e promotores passaram a manhã inteira na sede da Federação de Futebol coletando documentos que possam dar mais respaldo às investigações realizadas até o momento, que duraram 20 meses, segundo nota do Gaeco.
Ele está à frente da Federação há cerca de três décadas e seu sétimo mandato está previsto para terminar em 2027. Em nota divulgada na manhã desta terça-feira pelo Ministério Público, ele e outros membros da Federação são acusados de fazer mais de 1,2 mil saques, sempre de até R$ 5 mil, para tentar driblar uma possível investigação nas contas da Federação.
Parte do dinheiro desviado, segundo acreditam os investigadores, foi repassado pelo governo do estado, que só no ano passado liberou R$ 1,35 milhão para os campeonatos estaduais da Série A, Série B e futebol feminino. Em 2023, apenas para a Série A estadual, foi de R$ 1,2 milhão.
Além disso, a Federação também recebeu repasses da CBF, cujos valores não constam nas demonstrações financeiras anuais. Essa contabilização, por sua vez, mostrou que no ano passado a entidade fechou com prejuízo de mais de R$ 218 mil. No ano anterior, em 2022, o déficit foi de R$ 492 mil.
HISTÓRIA
Oficialmente, Cezário comandou a entidade do futebol pela primeira vez em 1987, há 37 anos.
Nesse período, ficou, em tese, fora do controle da associação por quatro anos, entre 2001 e 2004, quando assumiu a prefeitura de Rio Negro, cidade a 150 quilômetros de Campo Grande. Ainda assim, ele controlava a Federação.
Cezário tentou ser reeleito prefeito, mas não conseguiu. Voltou para a FFMS e nunca mais saiu. Normalmente ele compete sozinho, sem adversários.
Votam nas eleições da FFMS dirigentes de associações (clubes profissionais), associações (clubes que praticam futebol amador na capital e no interior) e ligas municipais amadoras. Cerca de 35 pessoas participam da eleição.
SEGUNDA VEZ
A Operação Cartão Vermelho não é novidade na história de Francisco Cesário. Ele já havia sido condenado em 2009 em primeira instância e em 2010 a 2ª Turma Criminal do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) homologou a decisão para que ele cumprisse pena de quatro anos e cinco meses, em regime semiaberto, por desvio de cerca de R$ 56 mil da Federação de Futebol.
Segundo a assessoria de imprensa do TJ, Cezario foi denunciado pelo Ministério Público por supostamente transferir recursos da FFMS para sua conta particular.
A denúncia dizia ainda que parte do dinheiro o presidente investiu em campanha política, quando era candidato a prefeito da cidade de Rio Negro, no final da década de 90.
Na época, a denúncia se baseava em provas levantadas pela PF em meio a uma CPI que investigava as relações entre a CBF e a Nike.
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