Nos bastidores…
Nos últimos meses, mesmo usando tornozeleira eletrônica, Cezário trabalhou nos bastidores para escolher seu sucessor na FFMS.
Afastado da Federação Mato-Grossense de Futebol (FFMS) após ser denunciado por corrupção e organização criminosa, Francisco Cezário viajou ao Rio de Janeiro (RJ) para se reunir com representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e indicar seu substituto no entidade.
Francisco Cezário viajou para o Rio de Janeiro na manhã desta (13), acompanhado do vice-presidente da FFMS, João Garcia, que também presidiu o Aquidauanense por 15 anos.
Segundo a reportagem, Cezário apresentará o nome de João Garcia à CBF para comandar a FFMS até 2027.
Cezário, que ficou fora dos holofotes após ser acusado de desvio de R$ 6 milhões, saiu da prisão no dia 6 de junho, após ser levado às pressas ao hospital por suspeita de infarto. Ele foi submetido a uma cirurgia para inserção de um cateter, um tubo flexível extremamente fino e longo, na artéria do braço ou da perna, que levava ao coração, conforme informou o Ministério da Saúde.
Além de Cezário, a Operação Cartão Vermelho, deflagrada em maio, resultou na prisão de outras seis pessoas acusadas de envolvimento em desvio de dinheiro. Após sair da prisão, Cezário passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica desde o dia 27 de junho.
Segundo informações do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Cezário precisou assinar um acordo com a Justiça. Caso deixasse o cargo, teria que usar tornozeleira eletrônica, não poderia comparecer à sede da entidade e não poderia exercer qualquer função vinculada à federação. No entanto, ele estava trabalhando nos bastidores para escolher seu sucessor.
A gestão de Francisco Cezário só termina em 2027. Porém, na semana passada, a entidade, com votação dos clubes, aprovou um novo estatuto que entrará em vigor após 2027.
Entre os principais pontos do novo estatuto estão: mandato de quatro anos com direito a apenas uma reeleição; proibição de nepotismo para parentes até 3º grau; e eleição para a diretoria executiva, composta por presidente, vice-presidente, secretário-geral, diretor de concorrência e tesoureiro.
A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com a defesa de Francisco Cezário, que afirmou que “Cezário não foi ao Rio de Janeiro, mas não está proibido de dialogar com a Confederação Brasileira de Futebol”. A defesa destacou ainda que tem conhecimento do afastamento da FFMS e está cumprindo a ordem judicial.”
Gestão Petrallas
O atual gestor interino da Federação Sul-mato-grossense de Futebol (FFMS), Estevão Petrallás, enfrentou 90 dias turbulentos à frente da entidade. A situação começou a se complicar quando, durante reunião para indicação de substituto, os clubes descobriram que Petrallás estava no Rio de Janeiro se apresentando como interventor.
Esse movimento irritou os clubes, que convocaram uma nova reunião para decidir a saída de Estevão da FFMS. Na assembleia, presidida por Cláudio Barbosa, do Esporte Clube Comercial, foram apresentadas irregularidades de Petrallás durante sua gestão como presidente do Operário Futebol Clube. Ficou decidido que o atual dirigente, escolhido pela CBF, permaneceria no cargo, mas seria supervisionado por representantes escolhidos pelos próprios dirigentes.
Os 90 dias de Estevão Petrallás à frente da federação foram turbulentos, mas ele conseguiu mudar a sede da entidade para a Rua 14 de Julho. Além disso, na semana passada, em conjunto com os clubes, conseguiu modificar o estatuto da FFMS.
Quem é o futuro presidente da FFMS?
Após 15 anos, João Garcia deixou a gestão do Aquidauanense Futebol Clube no dia 30 de maio. Atualmente ocupa o cargo de presidente honorário, pois foi um dos fundadores do clube, enquanto Edilson Fernandes Leite (Xandico) assume a presidência do Azulão.
Sob sua gestão, o clube conquistou o vice-campeonato da Série A do Mato Grosso do Sul em 2011 e sagrou-se campeão sub-20. Em 2012, o Aquidauanense disputou a primeira Copa do Brasil e participou pela primeira vez da Copa São Paulo de Futebol Júnior, além de ter sido vice-campeão estadual sub-20 daquele mesmo ano.
Em 2013, sob a gestão de João Garcia, o Aquidauanense conquistou o título de campeão sul-mato-grossense Sub-20 e participou novamente da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Em 2014, o clube marcou presença mais uma vez na competição paulista. Em 2018, o Aquidauanense foi campeão sul-mato-grossense sub-20 e, no mesmo ano, sagrou-se campeão sul-mato-grossense da Série B.
Como um dos fundadores do clube, João Garcia sempre trabalhou nos bastidores. Em 2019, o Azulão voltou à Copa São Paulo de Futebol Júnior e conquistou o vice-campeonato mato-grossense da Série A. Em 2020, o clube foi vice-campeão mato-grossense da Série A e participou da Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro Série D e Copa Verde.
“Em 2021, a gestão de João Garcia levou o clube novamente ao vice-campeonato sul-mato-grossense Sub-20 e também participou da Copa Verde e do Campeonato Brasileiro Série D. Em 2022, o Aquidauanense esteve presente mais uma vez na Copa São Paulo Júnior Futebol.
Além de atuar diretamente no Aquidauanense nos últimos 20 anos, João Garcia se destacou como torcedor do futebol amador e veterano do município. Também ocupou o cargo de presidente da Fundação Municipal de Esportes (Fema). Sempre contou com o apoio da direção e da comissão técnica, que contribuíram para o sucesso da equipe.
Operação Cartão Vermelho
O ex-prefeito de Rio Negro e presidente da Federação Mato-grossense de Futebol, Francisco Cezário, é um dos pelo menos cinco presos na manhã desta terça-feira (21) durante a Operação Cartão Vermelho, que destaca o desvio de mais de R$ 6 milhões de da Federação, apenas entre 2018 e o ano passado. Mais de 800 mil reais foram apreendidos em sua casa.
A Justiça expediu sete mandados de prisão e 14 mandados de busca e apreensão e, até o final da manhã, pelo menos cinco pessoas haviam sido presas e levadas para a Cepol, delegacia do bairro Tiradentes. Francisco Cezário é advogado e por isso a prisão foi acompanhada por representantes da OAB.
Policiais e promotores passaram a manhã inteira na sede da Federação de Futebol coletando documentos que possam dar mais respaldo às investigações realizadas até o momento, que duraram 20 meses, segundo nota do Gaeco.
Ele está à frente da Federação há cerca de três décadas e seu sétimo mandato está previsto para terminar em 2027. Em nota divulgada na manhã desta terça-feira pelo Ministério Público, ele e outros membros da Federação são acusados de fazer mais de 1,2 mil saques, sempre de até R$ 5 mil, para tentar driblar uma possível investigação nas contas da Federação.
Parte do dinheiro desviado, segundo acreditam os investigadores, foi repassado pelo governo do estado, que só no ano passado liberou R$ 1,35 milhão para os campeonatos estaduais da Série A, Série B e futebol feminino. Em 2023, apenas para a Série A estadual, foi de R$ 1,2 milhão.
Além disso, a Federação também recebeu repasses da CBF, cujos valores não constam nas demonstrações financeiras anuais. Essa contabilização, por sua vez, mostrou que no ano passado a entidade fechou com prejuízo de mais de R$ 218 mil. No ano anterior, em 2022, o déficit foi de R$ 492 mil.
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