Paris, França – A medalha de ouro do Rebeca Andrade na final individual foi o acessório perfeito para coroar a ginasta como a maior atleta olímpica da história do esporte brasileiro. Na galeria dos gigantes, está uma mulher de 1,55m, capaz de fazer acrobacias em alturas que muitos grandões não conseguem fazer.
A Arena Bercy, em Paris, mais uma vez estremeceu com a vitória do brasileiro. Desta vez, sem separação entre brasileiros e norte-americanos. Todos, sem exceção. Até a própria medalhista de prata Simone Biles, junto com seu compatriota e medalhista de bronze, Jordan Chiles, reverenciaram Rebeca Andrade.
Emocionados, os torcedores brasileiros presentes na arena contemplaram o momento histórico que acabavam de presenciar. “É inacreditável ver o ouro olímpico da maior mulher, do maior ser humano brasileiro de todas as Olimpíadas. É algo surreal”, tentou descrever o baiano Gabriel.
Magalhães que, juntamente com os seus três irmãos e pais, celebrou a conquista do país.
O entusiasmo é tão grande que a frustração de Rebeca por ter ficado de fora do pódio na final da trave uma hora antes virou apenas um detalhe que tornou a conquista da ginasta ainda maior.
“Uau, foi uma luta chegar lá. Jesus, como eu orei! Mas valeu cada minuto, foi muito bom. Parabéns para a Rebeca e parabéns para nós também”, destacou Consuelo Genes, mãe de Gabriel, que se sente parte dessa conquista, como todos os brasileiros.
Tensão
Na final da trave, por ter sido a última, a atuação da ginasta brasileira era esperada conforme protocolo, apenas para selar a vitória, após queda surpreendente de Simone Biles. A execução perfeita, sem desequilíbrio, sendo uma das duas únicas que não caiu, aos olhos dos leigos, sancionou-a: o ouro certamente virá. Não veio!
A torcida brasileira vaiou em uníssono ao anúncio do placar que deu a Rebeca o quarto lugar no ranking. Porém, em uma hora, o grito abafado sairia com muito mais força. Dessa vez a emoção foi diferente.
Em vez de ser a última, Rebeca foi a segunda a se apresentar, com saltos altos e um carisma que deixou o público em frenesi. Depois vieram outros sete. Um por um, ao cometerem erros ao sair dos limites do campo, os torcedores brasileiros respiraram aliviados.
Biles comete um erro
Simone Biles saiu duas vezes. A esperança estava mais que acesa. Foi palpável. Preste atenção na nota, silêncio absoluto. Biles em segundo. Restavam dois. A medalha histórica já era certa, faltava saber a cor. Seria ouro, prata ou bronze?
Primeiro, a romena Ana Barbosu sofreu pênalti e ficou abaixo de Rebeca. Os torcedores se entreolharam e foi possível ouvir “pelo menos uma prata”. A norte-americana Jordan Chiles teve um bom desempenho, o que aumentou o nível de tensão para a nota. Os muitos segundos que se passaram antes do anúncio foram preenchidos com um silêncio ainda mais absoluto.
“Nossos corações estavam em nossas bocas. Fomos com toda emoção com a Rebeca para ela ganhar esse ouro, meu coração explodiu. Foi épico, foi histórico. Vamos levar para nossos filhos e netos, justamente no aniversário da minha filha”, relatou a irmã mais velha de Gabriel, Flávia Magalhães, mãe da pequena Cecília, de oito anos.
A conquista de Rebeca Andrade, compartilhada e vivenciada por todos os brasileiros que, no mínimo, gostam de esportes, é histórica para todos, cada um à sua maneira. Para Rebeca, a maior atleta olímpica do Brasil. Para a família Magalhães, “uma experiência fantástica”, como descreveu o patriarca Fernando, ao viver este momento com a mulher, os quatro filhos, genros e noras.
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