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Nas Olimpíadas de Paris 2024, Gabriel Medina pediu nota 10 e recebeu nota 9,90 dos jurados ao eliminar o japonês Kanoa Igarashi nas oitavas de final. Essa foi a maior nota do surf desde que a modalidade foi incluída no programa olímpico, com sua estreia em Tóquio, em 2021. O brasileiro está entre os semifinalistas e é o favorito na disputa por uma vaga na grande decisão. A bateria contra a australiana Jackie Robinson deve acontecer na segunda-feira.
A onda surfada por Medina nas oitavas de final, além da foto mais marcante dos Jogos Olímpicos Paris 2024 até o momento, levantou algumas dúvidas. Afinal, por que os jurados não deram nota máxima ao brasileiro? Como funcionam as classificações no surf?
Embora complexo, o sistema de classificação é essencial para garantir justiça e precisão na avaliação dos atletas. Os padrões de avaliação no surf olímpico estão estruturados para premiar a habilidade, inovação e execução dos surfistas em condições de mar variáveis, como é o caso de Teahupo’o, no Taiti, onde acontecem as provas olímpicas.
Cada bateria da competição dura 30 minutos e conta com cinco juízes. Eles avaliam cada onda surfada pelos atletas, com notas que variam de 0 a 10, com opção de utilização de casas decimais, como 9,90 obtido por Medina, por exemplo. As notas são dadas com base em uma série de critérios. São eles:
Compromisso e grau de dificuldade: são consideradas a complexidade das manobras. Quanto mais arriscado e tecnicamente exigente, maiores serão as notas;
Inovação e progressão: os atletas são incentivados a realizar movimentos novos e criativos. A inovação e modernização das técnicas tradicionais são bem vistas pelos jurados;
Variedade: surfistas que realizam manobras variadas, ao invés de repetir sempre as mesmas, chamam mais atenção;
Combinação: a capacidade de combinar diferentes manobras numa única onda, com uma performance fluida e contínua, tem um peso considerável;
Velocidade, potência e fluidez: os juízes observam a velocidade com que o surfista se desloca na onda, a força aplicada nas manobras e a fluidez geral da atuação.
SISTEMA DE PONTUAÇÃO
Durante o calor, os surfistas podem pegar quantas ondas quiserem. Porém, apenas as duas melhores ondas são levadas em consideração para formar a pontuação final. Portanto, mesmo que um surfista tenha uma má largada, há chance de recuperação com duas boas ondas. Se um surfista tiver, por exemplo, suas duas melhores pontuações como 8,0 e 7,0, sua pontuação final será 15,0.
As notas mais altas e mais baixas dadas pelos juízes para cada onda são descartadas. As três notas restantes são somadas e divididas por três para obter a nota final daquela onda. Este método reduz o impacto de qualquer julgamento extremo, seja positivo ou negativo.
ESTRATÉGIA
O surf, além de ser um esporte radical, também exige raciocínio. O gerenciamento de tempo e notas é crucial. Além, claro, de saber escolher a onda certa. Outro ponto importante a destacar é a questão da preferência. Ocorre quando um surfista escolhe uma onda. Quem estava esperando o próximo terá preferência se decidir surfar no mesmo horário.
Um exemplo de bom uso da preferência é quando as notas estão muito próximas e o tempo está acabando. O surfista da frente pode atrapalhar o que está perdendo ao perceber que seu adversário teria boas chances de pontuar no final com uma onda promissora.
O cálculo básico para um surfista saber quanto precisa para correr atrás do prejuízo é simples. Primeiro, você precisa estar ciente da pontuação total do seu oponente (a soma das duas melhores pontuações). Em seguida, você precisa saber a diferença entre os dois. A ideia é sempre substituir notas, e não aumentá-las.
Se o “surfista A” tiver pontuação total de 15,0 e “B” tiver pontuação total de 14,0, isso não significa que “B” precise apenas de uma pontuação de 1,0. O “Surfista B” precisaria substituir uma de suas pontuações para que o total fosse igual ou superior aos 15,0 do oponente. Por isso conhecer a situação do placar e administrar o tempo restante é tão importante. São dois fatores extremamente relevantes.
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