O Museu de História e Cultura Afro-Brasileira, localizado na Gamboa, região portuária da capital fluminense, oferece neste sábado (3) programação gratuita dentro da terceira edição do Festival Margem Visual: Periférica Performance, organizado pelo Mó Coletivo . O evento é apresentado pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec RJ), por meio da Lei Paulo Gustavo.
Um dos integrantes do coletivo, a artista e pesquisadora Mery Horta, informou que, neste sábado e no próximo (10), a programação do museu será totalmente gratuita, com acessibilidade para pessoas com deficiência. A partir das 10h haverá apresentações ao vivo e seminários com artistas, disse Mery Agência Brasil.
Também no local, até 1 de setembro e também com entrada gratuita, decorrerá uma exposição de obras selecionadas pelo Mó Coletivo para o festival. Ao final da exposição, um catálogo impresso será distribuído aos visitantes, disse Mery. “As pessoas podem levar o livro para casa com textos críticos, fotos dos artistas.”
Foram selecionados 20 artistas para participarem da exposição e atividades do 3º Festival Visual Margem. A seleção teve curadoria de Mery e Carolina Rodrigues e Mariana Maia, que também fazem parte do Mó Coletivo. “Somos três mulheres negras, de origem periférica, da zona oeste do Rio de Janeiro, que já trabalham com arte e possuem pós-graduação na área de artes visuais. Trouxemos esse festival, essa seleção, para abrir uma oportunidade, um espaço para outros artistas periféricos mostrarem seus trabalhos.”
Inscrições
A curadoria recebeu inscrições de mais de 100 obras de artistas de áreas periféricas do estado do Rio de Janeiro. “Todos os artistas performáticos. Recebemos trabalhos de fotografia em performance, vídeo em performance, performance ao vivo e, também, em diálogo com outros materiais, como escultura, instalações que são ativadas com a performance”.
Dos 100 inscritos, 20 que moravam em regiões periféricas do Rio, em São João de Meriti, Nova Iguaçu, Favela dos Tabajaras, Maré, Quintino, Bangu, Nova Iguaçu e Niterói, foram selecionados para participar do festival. Além dos artistas periféricos, a organização do evento priorizou artistas e coletivos formados por pessoas com deficiência, negros, indígenas, LGBTQIA+ e mulheres.
Mery Horta disse que, para alguns dos artistas seleccionados, que estão em início de carreira, o Margem Visual Festival é uma oportunidade de mostrarem pela primeira vez o seu trabalho. “Para outros que já são destaque no cenário contemporâneo das artes visuais, não.” Os curadores se dizem felizes em dar esse incentivo aos artistas que estão iniciando a carreira.
Segundo Mery, na terceira edição do festival verifica-se que há uma diversidade maior de artistas submetendo trabalhos em comparação com o primeiro festival. “Há uma qualidade poética nas obras. Isso nos mostra que a periferia do Rio de Janeiro produz muita coisa interessante, e o festival é justamente esse espaço para as pessoas terem contato com o que os artistas estão produzindo.”
Trabalho de desempenho
Um dos artistas selecionados foi Rafael Amorim. A escolha de sua obra motivou-o a pensar seu trabalho performático no contexto do Museu de História e Cultura Afro-Brasileira e sua relevância histórica, enquanto museu municipal comprometido com a memória do povo negro do Rio de Janeiro. “O trabalho performático que vou realizar chama-se Comunhão e é uma tentativa de aproximar o artista e o público através do simples gesto de, literalmente, partilhar o pão”, disse Amorim.
Além de Rafael Amorim, Pajé Rita Tupinambá, Sueka, Preta Evelin, Milu Almeida, Flaviane Damasceno, Medusa Yoni, Thailane Mariotti, Jones, Carol Nkwana, Vika Teixeira, Jade Maria e Luana Garcia, Padê Coletivo, Rastros de Diógenes, Mapô, Pitô, Alex Reis, Macedo Griot, Quadrilha Junina Estrela Dourada.
Durante todo o mês de agosto, a exposição Margem Visual: Desempenho Periférico Estará aberto ao público de terça a domingo, das 10h às 17h. Segundo a organização, existe a possibilidade de receber grupos escolares com mediação especializada em acessibilidade.
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