Entenda a polêmica no boxe olímpico com vitória de atleta reprovada em teste de gênero

A luta entre a italiana Angela Carini e a argelina Imane Khelif, válida pelo primeiro round do boxe feminino da categoria até 66kg nas Olimpíadas de Paris 2024, durou apenas 45 segundos. Carini foi atingida no rosto logo no início e foi até o canto para consertar o capacete, mas abandonou a luta em seguida.

A italiana revelou um problema anterior no nariz e descartou que sua decisão tenha relação com a polêmica envolvendo sua adversária. “Entrei no ringue e tentei lutar. Queria vencer. Recebi duas injeções no nariz e não conseguia respirar. Isso me deixou muito mal”, disse Carini.

Assim que o árbitro declarou a vitória de Imane Khelif, Angela Carini recusou-se a cumprimentar a adversária e, ainda no ringue, não conseguiu conter as lágrimas.

A luta gerou polêmica antes mesmo de começar. Isto porque Imane Khelif foi autorizada pelo Comité Olímpico Internacional (COI) a participar nos Jogos Olímpicos mesmo depois de ter sido reprovada nos testes de género.

Na Copa do Mundo de Boxe do ano passado, realizada na Índia, Imane Khelif e o taiwanês Lin Yu-ting – que também disputará as Olimpíadas – foram desclassificados pela Associação Internacional de Boxe (IBA) após realizarem testes de DNA. O presidente da entidade, Igor Kremlev, disse que “eles tinham cromossomos XY (que determina o sexo masculino)”.

“Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra o meu adversário. Tinha uma tarefa e tentei cumpri-la. Tudo o que aconteceu antes do jogo não teve absolutamente nenhuma influência”, garantiu Carini.

O governo italiano, através da ministra da Família, Eugenia Roccella, classificou como “muito preocupante saber que duas pessoas trans foram admitidas em competições de boxe feminino”.

“É muito preocupante saber que duas pessoas trans foram admitidas nas competições de boxe feminino, homens que se identificam como mulheres e que, nas últimas competições, foram excluídos. nos Jogos Olímpicos, que simbolizam a lealdade, pode haver suspeitas de uma competição desigual e até potencialmente arriscada”, disse Roccella.

A estreia da taiwanesa Lin Yu-ting na categoria até 57kg será nesta sexta-feira, contra Sitora Turdibekova, do Uzbequistão.