A chuva que atrapalhou a cerimônia de abertura do Olimpíadas última sexta-feira e adiou a disputa de skate masculino e algumas partidas de tênis deram lugar a altas temperaturas em Paris no início desta semana.
Uma forte onda de calor vinda do sul da França atingiu a capital francesa, que registrou 35ºC nesta terça-feira (30).
Antes dos Jogos, enquanto a organização se preocupava com a segurança, treinadores, atletas e dirigentes temiam a possibilidade de calor recorde em Paris, o que poderia prejudicar o desempenho dos competidores, principalmente nas arenas abertas.
A última edição das Olimpíadas, em Tóquio, foi a mais quente da história, com média de 28,9ºC.
O sol voltou a brilhar na cidade-sede das Olimpíadas neste domingo, quando os torcedores que foram ver Rayssa Leal levar o bronze na arena de skate instalada provisoriamente na Praça da Concórdia fizeram muito calor.
Os termômetros registraram 26ºC, mas a sensação térmica foi bem maior. O sol estava queimando e quase não havia vento. A arena de esportes radicais virou estufa, assim como o Estádio da Torre Eiffel, que recebe jogos de vôlei de praia.
Foi nesta segunda-feira que o calor ficou mais intenso e começou a causar reclamações entre atletas e turistas que estão na Cidade Luz para os Jogos.
Os termômetros de Paris registraram 30ºC. Foi exaustivo, por exemplo, para as mulheres canadenses Melissa Paredes Isso é Brandie Wilkerson e para os paraguaios Juliana Poletti Isso é Michelle Amarela jogar vôlei de praia sob o sol escaldante na partida que a reportagem acompanhou.
Os franceses relataram que segunda-feira foi um dos dias mais quentes de 2024. E a temperatura subiu ainda mais nesta terça, chegando a 35ºC, aproximadamente 8°C acima da média para esta época do ano, tornando algumas competições mais desafiadoras para os atletas.
Houve, segundo os parisienses, apenas mais dois ou três dias tão quentes como estes no ano.
Águas, bonés e leques
A maior parte do público tem usado bonés, óculos escuros, roupas leves e carregado torcedores para se torcerem no Estádio Torre Eiffel, nesta terça-feira.
“Estávamos esperando esse calor. É desconfortável, mas vamos sobreviver”, disse a alemã Magdalene Forsch, que estava na arquibancada. Ela morou em Salvador e hoje mora em Paris.
O calor não será um problema apenas dos atletas. Cerca de 300 fontes de água foram instaladas em Paris para que os espectadores possam manter suas garrafas cheias e evitar a desidratação. Áreas sombreadas também estão disponíveis para os visitantes se protegerem do sol.
Paris é uma cidade muito arborizada, mas poucos estabelecimentos têm ar condicionado. Apenas os maiores restaurantes e redes de supermercados e farmácias possuem aparelhos de ar condicionado.
No transporte público, os passageiros recebem água, ventilador e chapéus.
Um total de 2,5 milhões de garrafas de papelão recicláveis serão distribuídas em 70 estações de metrô e trens regionais e em outros 19 pontos de ônibus da cidade, segundo autoridades locais, que também recomendam que os turistas usem protetor solar, por meio de avisos via mensagens de texto escritas em francês e inglês. e em painéis em estações de trem e metrô.
“Estamos prontos para enfrentar esta onda de calor. Antecipámo-nos”, disse a presidente da região de Ile-de-France, onde está Paris, Valérie Pécresse, em declarações à imprensa.
Riscos para atletas
Os atletas também poderão sofrer calor na Vila Olímpica, já que os quartos foram entregues sem ar condicionado pela organização, alegando preocupações ambientais.
A decisão foi motivo de críticas dos comitês olímpicos nacionais, já que, nos últimos Jogos Olímpicos, os dormitórios eram climatizados.
Sob pressão, a comissão organizadora aprovou a instalação de módulos temporários na Vila Olímpica, que custam 300 euros cada (cerca de R$ 1.500), desde que cada comissão cubra esse custo.
A maioria dos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Holanda e Canadá, aderiram, o que fez com que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) aumentasse seus gastos com a Missão Paris. O COB pagou cerca de R$ 270 mil para instalar aparelhos de ar condicionado nos quartos dos atletas brasileiros.
A agência meteorológica francesa emitiu um alerta meteorológico de “alerta amarelo” para uma onda de calor. É o segundo de quatro níveis, com temperaturas elevadas que deverão permanecer ao longo da semana.
O alerta aconselha as pessoas a “ficarem atentas” ao praticar esporte ou atividade física ao ar livre.
A agência meteorológica afirma estar em contato permanente com os organizadores olímpicos, fornecendo atualizações e avisos em tempo real sobre as condições climáticas.
Segundo a comissão organizadora, existem planos de contingência para algumas modalidades e etapas de competição, bem como limites específicos que adiariam algumas competições caso os limites de temperatura fossem atingidos.
Eventos como triatlos e corridas em águas abertas começam de manhã cedo para evitar o período mais quente do dia. Os organizadores avaliaram o risco de cada desporto e afirmam que criaram o calendário de eventos tendo em mente estas preocupações específicas.
De acordo com um boletim do AirParif, o observatório regional da qualidade do ar, a qualidade do ar será fraca em quase todas as 18 divisões administrativas da França.
A organização lembra que o calor extremo, com ar seco, tem “impacto direto no desempenho dos atletas e na saúde dos espectadores e residentes, podendo causar “problemas respiratórios, aumento da fadiga e até redução do rendimento desportivo”.
A cidade de Bordeaux, onde a Seleção Brasileira de Futebol Feminino fará jogo decisivo contra a Espanha nesta quarta-feira, pode ser ainda mais impactada e está em alerta devido à possibilidade de termômetros chegarem a 40ºC.
A nível global, este mês de julho foi recentemente registado como o dia mais quente de toda a série histórica de medições da temperatura média global, segundo dados provisórios do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da União Europeia. Os países europeus enfrentam riscos extremos de incêndios florestais, com ondas de calor a tornarem-se mais frequentes.
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