Entidades da Igreja Católica reagem à Santa Ceia da abertura das Olímpiadas de Paris

A conferência de bispos da Igreja Católica Francesa e de líderes religiosos de todo o mundo protestou neste sábado, 27, contra uma apresentação associada à Sagrada Comunhão, que fez parte do roteiro de atrações da cerimônia de abertura da Jogos Olímpicos de Paris.

Para a entidade francesa, o retrato bíblico de Jesus Cristo com os seus apóstolos recriado pelos organizadores da festa foi uma “zombaria” e uma “zombaria do cristianismo”. Ele também disse sentir pena de “todos os cristãos” que foram “feridos pela ofensa e provocação de certas cenas”.

“Os nossos pensamentos estão com todos os cristãos de todos os continentes que foram feridos pela ofensa e provocação de certas cenas”, afirmou o coletivo de bispos, num comunicado. “Esperamos que eles entendam que a celebração olímpica vai muito além das preferências ideológicas de alguns artistas”, acrescentou.

A conta oficial das Olimpíadas no X (antigo Twitter) descreveu parte da cena como representando “o deus grego Dionísio”, alertando as pessoas sobre “o absurdo da violência entre humanos”.

Os religiosos, porém, interpretaram a adaptação como uma zombaria da famosa pintura de Leonardo da Vinci.

O diretor artístico do espetáculo, Thomas Jolly, negou que sua intenção, ao recriar a cena, fosse provocar e falou em celebração à diversidade. “Meu desejo não é ser subversivo, nem zombar ou chocar”, disse Jolly. “Acima de tudo, queria enviar uma mensagem de amor; de inclusão e não de divisão.”

Protestos em todo o mundo

Outros líderes religiosos também endossaram as críticas e reclamações da Conferência dos Bispos da Igreja Católica Francesa, segundo a agência de notícias CNA (Agência Católica de Notícias).

Dom Andrew Cozzens, presidente da Comissão dos Bispos dos Estados Unidos para Evangelização e Catequese, emitiu uma declaração apelando aos católicos “para responderem ao incidente de Paris com oração e jejum”.

“Jesus viveu novamente a sua Paixão na noite de sexta-feira em Paris, quando a sua Última Ceia foi publicamente difamada”, disse Cozzens. “Não ficaremos de lado enquanto o mundo zomba do nosso maior presente do Senhor Jesus”, escreveu o bispo.

“Em vez disso, através da oração e do jejum, pediremos ao Espírito Santo que nos fortaleça com a virtude da fortaleza, para que possamos pregar Cristo – nosso Senhor e Salvador, verdadeiramente presente na Eucaristia – para a Glória de Deus e a Salvação de Almas.”

O bispo alemão Stefan Oster chamou a cena da “estranha Última Ceia” de “um ponto baixo e completamente supérflua na encenação”, em uma publicação da Conferência Episcopal Alemã, segundo a CNA. O arcebispo Peter Comensoli, de Melbourne, na Austrália, usou o X (antigo Twitter) para dizer que prefere “o original”, com uma foto da obra de Da Vinci.

Dom Robert Barron, de Winona-Rochester (EUA), classificou de “grotesca” a paródia da Sagrada Comunhão, enquanto o arcebispo de Santiago do Chile, Dom Fernando Chomali, disse estar decepcionado com a encenação “grotesca” do que chama de “o coisa mais sagrada que nós, católicos, temos, a Eucaristia.”

O padre dominicano Nelson Medina afirmou que, devido à recriação da Sagrada Comunhão, “não assistirá a uma única cena dos Jogos Olímpicos”. “Que nojento o que eles fizeram, zombando do Senhor Jesus Cristo e do seu dom supremo de amor. E eles são covardes: eles não mexeriam com Maomé”, disse o pároco.