A segunda etapa da Copa do Mundo de Skimboard acontece neste sábado (20), em Santa Cruz, na Califórnia. Marcará a estreia do principal nome do torneio na atual edição: o brasileiro Lucas Fink inicia sua jornada em busca do quarto título.
Atualmente considerado o grande embaixador do esporte no mundo, o atleta não impressiona apenas pelos títulos e manobras.
O brasileiro se tornou o primeiro skimboarder da história a se aventurar nas ondas gigantes de Nazaré, com o tipo de prancha utilizada na modalidade.
Apesar de também possuir características terrestres, o skimboard pode ser classificado como esporte aquático.
Nessa modalidade, o praticante inicia seu movimento na areia com uma pequena prancha de fibra de vidro e carbono na mão, larga-a na areia ou na água e desliza na direção das ondas para surfar ou “esquiar”. O esporte possui características e manobras do surf, skate e snowboard.
Skimboarder nas ondas gigantes da Nazaré
A ideia de arriscar nas ondas da Nazaré já era algo que estava na cabeça de Lucas, mas foi só na época da pandemia da Covid-19 que ele começou a consolidá-la para que não se limitasse apenas ao que ele queria.
Já patrocinado pela Red Bull, marca de energéticos que investe em esportes radicais, o brasileiro sabia que poderia contar com seu apoio para fazer decolar um de seus grandes sonhos.
Além de querer surfar na Nazaré com skimboard por prazer, o tricampeão mundial viu na ideia uma forma de ampliar a visibilidade da modalidade.
Apesar de ter sido o primeiro a embarcar nesta aventura, já não foi o pioneiro das ondas gigantes na modalidade. O americano Brad Domke já corria riscos em mares monstruosos. Apesar de ser uma grande referência para Lucas, ele não queria apenas chegar ao seu nível, mas superá-lo.
“O Brad foi o pioneiro do skimboard em ondas grandes, mas eu sabia que existiam ondas muito maiores. Ele pegou uma onda gigante com um tubo bizarro, que teve um impacto enorme no esporte da época. Queria seguir esse caminho e também sempre acreditei que poderia traçar uma jornada que faria tudo dar certo”, disse Lucas.
Antes de apresentar o projeto ao patrocinador principal, o brasileiro foi até Nazaré para ver com os próprios olhos a atividade de risco em que estava disposto a se envolver.
Ao observar de perto as ondas gigantes pela primeira vez, Lucas se deparou com a quase morte do surfista Pedro Scooby, após levar uma impressionante pancada. Foi aí que percebeu que o mar “era muito mais sinistro do que pensava”.
Quando conseguiu aprovação para levar a ideia de Nazaré adiante, o brasileiro precisou passar por uma preparação diferente daquela que fez para os torneios. Lucas trocou o skimboard tradicional pelas ondas grandes, mais presentes no Brasil durante o inverno.
O atleta também mudou o preparo físico, elaborado por um treinador com experiência em ondas gigantes, Ian Cosenza.
Amigo pessoal do skimboarder, Lucas Chumbo teve um papel essencial na sua preparação para iniciar a rotina do mar da Nazaré.
O surfista profissional de ondas gigantes o ajudou muito na adaptação e ganhou um lugar ainda mais especial no coração de Fink, que queria aprender a pilotar um jet-ski, essencial para a prática, como forma de retribuir o esforço disponibilizado por seu parceiro.
— Ele era o melhor do mundo em ondas gigantes e estava se dedicando para me dar a oportunidade de aprender a me adaptar àquele tipo de mar único. Cada vez que ele me pilotava (no jet-ski), ele parava de fazer o seu trabalho, que era surfar. Então, vi que precisava me tornar piloto para poder retribuir os favores que esse cara estava me fazendo.
Comece no Skimboard
Quando conseguiu apanhar as primeiras ondas gigantes na Nazaré, Lucas Fink já estava a marcar presença na história da modalidade. Sua relação com o esporte começou ainda criança.
O brasileiro deslizou pela primeira vez na areia quando tinha apenas sete anos. Na época surfista e skatista, ele conta que quando teve o primeiro contato com o skimboard, “foi amor à primeira vista”.
Lucas descobriu o esporte através dos amigos. Apesar de não entender a princípio a magnitude do skimboard, a internet mostrou a ele todos os elementos que envolviam o esporte global.
Ao ver que poderia fazer muito mais do que apenas deslizar com a prancha, se inspirou e entendeu que poderia atingir um nível de dedicação maior para alcançá-lo.
“Lembro-me do dia em que tive a brilhante ideia de entrar no YouTube e digitar “skimboard” na busca. Esse foi um momento que guardei comigo a vida toda. Eu tinha entre nove e dez anos, então foi foi que pratiquei o esporte como hobby por cerca de 3 anos, quando pensei que não poderia ir além do que já fazia. Quando vi os vídeos de pessoas na Califórnia pegando tubos, fazendo manobras diferentes com pranchas, que eram. completamente diferente do meu, lembro logo que percebi que era isso que eu queria fazer da minha vida”, relatou o skimboarder.
Competitivo por natureza e sempre com o apoio irrestrito dos pais, Lucas participou de seu primeiro campeonato de skimboard aos dez anos. Como não havia estrutura para suas categorias de idade, ele competiu contra adultos e impressionou.
A primeira virada aconteceu quatro anos depois, quando conquistou a Copa do Mundo amadora e passou a ser mais visto no cenário mundial, recebendo seu primeiro patrocínio.
Com o passar do tempo, o brasileiro passou a se dedicar mais ao skimboard, treinando de forma mais consistente e disputando diversos campeonatos no Brasil e no exterior. Em 2014, profissionalizou-se, conquistando seu primeiro campeonato brasileiro profissional.
Já considerado o maior nome do país no esporte, Lucas Fink queria e sabia que poderia alcançar patamares maiores. A partir daí, a grande obsessão seria o título mais cobiçado: o circuito profissional United Skintouro, reconhecido como Campeonato Mundial de Esportes.
Mudança de nível
Em 2015, ainda no terceiro ano do ensino médio, Lucas Fink começou a trilhar seu caminho no Mundial, participando de algumas etapas do circuito. Ele competiu em metade delas, e na primeira já demonstrou até onde pode chegar no futuro.
O brasileiro ficou em quarto lugar, resultado considerado impressionante para quem ainda não tinha 18 anos.
Ao contrário da maioria dos esportes, as vagas no Campeonato Mundial de Skimboard não são conquistadas com base no desempenho. Basta que o atleta se considere um profissional e se inscreva para competir. Apesar da facilidade de participar do circuito, Lucas sempre respeitou seu processo para chegar ao topo do pódio.
“Acredito que sempre fui muito sensato nas minhas escolhas de saber o momento certo de fazer cada transição. Quando me tornei profissional, já havia conquistado um título profissional no Brasil, sido bicampeão mundial amador, competi diversas vezes em os Estados Unidos e sempre chegava à final também — disse Lucas.
Em 2019, foi conquistado o primeiro título mundial, um ano depois de terminar como vice-campeão, marcando uma virada na carreira de Lucas. Foi consolidando-se com o apoio das marcas, reduzindo os custos da concorrência e aumentando a cobertura mediática.
Por conta da pandemia, o United Skimtour não aconteceu em 2020 e 2021. Depois de passar muito tempo mais focado no projeto Nazaré e sem competir, chegou a hora do brasileiro reconquistar a posição mais alta do skimboard mundial. Em 2022 e 2023, Lucas Fink venceu o torneio e sagrou-se tricampeão, sendo o primeiro brasileiro da história a conseguir o feito.
Em meio às suas inúmeras conquistas, a presença de Fink nas redes sociais contribuiu para construir um público além do skimboard, alcançando surfistas, skatistas e outros entusiastas. A formação na Faculdade de Comunicação Social foi para ele essencial. Isso porque se tornou uma forma de agregar conhecimentos em marketing e comunicação, importantes para uma carreira no esporte.
A trajetória de Lucas Fink trouxe reconhecimento e comparações com grandes nomes do esporte. Sua trajetória profissional se consolidou, com a construção de uma sólida identidade como atleta e influenciador. No entanto, ele ainda não está satisfeito.
Ciente da sua importância para o crescimento do esporte, o grande nome do skimboard mundial ainda tem muitos planos para o futuro.
“Na minha cabeça respiro skimboard. Conheço os caminhos a seguir para fazer o esporte crescer e, se ninguém fizer, terei que ser eu quem pegará e fará com as próprias mãos. ser o maior atleta profissional de todos os tempos, ganhar 10 títulos mundiais, surfar as maiores ondas do mundo penso em dezenas de outros projetos malucos que posso fazer com a minha prancha, que acredito ser a mais versátil do mundo.”
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