O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que o ex-CEO da Americanas Miguel Gutierrez poderá ser extraditado para o Brasil ou cumprir possível pena na Espanha, onde foi preso preventivamente nesta sexta-feira (28).
O executivo é investigado por supostamente participar de um esquema que ocultou um prejuízo estimado em R$ 25 bilhões no balanço da varejista.
Ao tentar cumprir o mandado contra Gutierrez em sua casa, no Leblon, Zona Sul do Rio, os investigadores não conseguiram localizá-lo na manhã de ontem.
Segundo Rodrigues, o nome do executivo foi imediatamente incluído na Difusão Vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol).
— Não estamos condenando ninguém antecipadamente nem apresentando qualquer veredicto, mas estamos apresentando ao sistema de justiça criminal o material que coletamos durante as investigações — explicou o delegado, em entrevista à Globonews.
Rodrigues informou ainda que a ex-diretora da varejista, Anna Christina Ramos Saicali, que havia viajado para Portugal, ainda é considerada foragida.
Ao contrário de Gutierrez, ela não tem dupla cidadania e esteve no país europeu com visto de trabalho há cerca de duas semanas.
Ambos são investigados por crimes como manipulação de mercado, uso de informações privilegiadas, também conhecido como “insider trading”, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenado, as penas podem chegar a 26 anos de prisão.
Miguel Gutierrez e Anna Christina Ramos Saical – Fotos; reprodução
Segundo a investigação, a fraude teria consistido em uma espécie de composição de operações de risco prolongado, mecanismo pelo qual os bancos abrem linhas de crédito para que os fornecedores baixassem faturas com desconto e depois cobrissem o valor das Americanas.
A operação realizada nesta quinta-feira foi baseada em documentos, como planilhas, trocas de e-mails e mensagens, além de informações prestadas nos acordos de delação premiada firmados com os ex-executivos Marcelo Nunes e Flávia Carneiro, que desvendaram em seus depoimentos o modus operandi da o esquema.
Na opinião do MPF, os procuradores apontam que a manipulação de mercado se caracteriza a partir do momento em que, ao atingirem de forma fraudulenta uma meta interna, os executivos tinham plena consciência de que isso teria um impacto necessário no preço das ações no mercado de capitais. .
Por se tratarem de empresas de capital aberto, os resultados econômicos e contábeis eram necessariamente comunicados ao mercado.
Os investigadores salientam que as evidências também deixam claro que alguns dos executivos usaram informações privilegiadas no mercado de capitais para obter lucros.
Ao tomarem conhecimento da existência de um grande buraco contábil na Americanas e, diante da percepção de que o assunto se tornaria público em pouco tempo, iniciaram uma verdadeira corrida para venda de ações.
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