O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse nesta quarta-feira, 26, que a equipe econômica está em processo de revisão da avaliação de despesas e receitas, que será publicada no próximo relatório bimestral de julho, e garantiu que, se os números mostram qualquer necessidade de contingência, esta ação será tomada. “A discussão sobre contingência deve ser objetiva e tranquila”, afirmou. Considerou que não vê “grandes elementos” que indiquem uma alteração relevante nas estimativas de receitas e que estão a ser observados “macroelementos”.
Ceron também foi questionado sobre o fato de nenhuma empresa ainda ter aderido formalmente ao processo de pagamento com condições especiais que é oferecido em casos de derrota no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf) decidido pelo voto de qualidade. O resultado dos julgamentos do órgão constitui uma das principais apostas para a arrecadação do governo neste ano, quando o objetivo é eliminar o déficit público.
O secretário respondeu apenas que a Receita Federal tem um trabalho técnico para reavaliar as expectativas de receitas do Carf, que poderão ser incluídas no próximo relatório bimestral. Ele defendeu, porém, que a receita está se recuperando, ainda que haja dúvidas “na margem” no mercado se o volume será suficiente para cumprir a meta fiscal.
Salário mínimo
Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar que não mudará a política de aumento do salário mínimo no processo de revisão dos gastos públicos, Ceron disse que não há discussão sobre essa mudança e que um ajuste nesse sentido “está longe” de ser a única forma de corrigir a dinâmica do défice da Segurança Social. “A decisão e discussão da política de salário mínimo já ocorreu, já foi tomada pelo Congresso e não há discussão sobre mudança dessa política”, comentou.
O secretário foi então questionado sobre qual direção o governo tomaria para reverter a trajetória de aumento acentuado das despesas, mas respondeu que quaisquer medidas necessárias não estão maduras o suficiente para serem divulgadas. “Estamos discutindo, não posso fornecer nenhum diagnóstico ou quaisquer medidas que possam ser necessárias”, disse ele.
Ele também rejeitou que medidas que não incluam a revisão do aumento do salário mínimo servirão apenas para “limpar o gelo” na agenda de gastos. “O salário mínimo é um componente importante, mas também um componente social importante, tendo em vista que o governo entende que é um componente central. Então precisamos adequar a condução da política fiscal para atender esse pilar central, que é a política de valorização. são inúmeras as maneiras de prescindir da adoção de medidas paliativas que não garantem a sustentabilidade. Há medidas importantes que podem ser tomadas”, afirmou o secretário.
Ceron argumentou que garantir a valorização do salário mínimo não significa que não haveria preocupação com o déficit da Previdência Social. “A valorização do salário mínimo é uma ação central do governo. Para Lula, é um conceito de preservação da camada mais pobre”, acrescentou.
O secretário do Tesouro avaliou que há “um pouco de ansiedade” no debate sobre a revisão dos gastos, afirmando ainda que Lula já sinalizou que é a favor da revisão da concessão de benefícios previdenciários – o que não teria tanto impacto sobre o debate público, na sua opinião. . “Temos um cardápio de soluções para conseguir o ajuste fiscal e as revisões cadastrais são importantes para avaliar as despesas. Continuamos adotando medidas baseadas na receita e olhando a dinâmica das despesas para permanecermos dentro dos limites do quadro fiscal. base, mais rápido teremos um processo de ajuste”, afirmou.
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