Indivíduos que compram títulos públicos online ajudarão as empresas sociais. O Tesouro Direto vai destinar R$ 5,2 milhões para até 40 iniciantes com negócios de impacto, cuja atividade principal oferece soluções inovadoras para problemas sociais e ambientais. Será dada prioridade a projetos de educação financeira e profissional, à inclusão de pessoas especiais e à promoção do ambiente e da economia circular.
Os recursos serão provenientes da taxa de custódia de 0,2% ao ano sobre o saldo das aplicações que os investidores do Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos para pessoas físicas, pagam à Bolsa de Valores (B3). Pelo contrato entre o Tesouro Nacional e a B3, 20% da receita projetada com a arrecadação da taxa, limitada a R$ 50 milhões por ano, será repassada para projetos sociais e de sustentabilidade.
As empresas interessadas podem se inscrever a partir desta terça-feira (25), no site www.tdimpacta.com.br. A montagem da plataforma contou com o apoio da Artemisia, organização de apoio a negócios de impacto fundada em 2005 e que já beneficiou 770 empresas por meio de programas de aceleração, apoio em projetos pilotos de inovação aberta (soluções que podem ser reproduzidas por outras empresas) e articulação de investimentos. A organização também ajudará na escolha dos projetos.
“A iniciativa busca criar uma rede de inovação em tecnologias de ponta, permitindo que a educação financeira seja ministrada, em diferentes escalas e com diferentes qualidades. Por um lado, a educação financeira para os mais jovens, porque [esse] Esse é o grande papel do Tesouro Direto. Por outro lado, também apoia o desenvolvimento de soluções inovadoras para a educação profissional, a inclusão de pessoas especiais e, por fim, projetos socioambientais”, explica o secretário do Tesouro Direto, Rogério Ceron, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.
Treinamento
As 40 empresas escolhidas receberão apoio financeiro e treinamento gratuito e on-line. Ao longo da jornada, as empresas serão avaliadas com base em critérios de desempenho e engajamento. Ao final do processo, os projetos destacados em cada categoria receberão um valor adicional.
As empresas escolhidas serão divididas de acordo com o estágio de maturidade do negócio. As categorias são as seguintes: criação (talentos interessados em empreendedorismo, que querem tirar uma ideia do papel); aceleração (para empresas em estágio inicial com protótipo ou produto mínimo viável que necessitam de suporte para desenvolver o modelo de negócio); e inovação aberta (empresas em fase de tração ou escala, interessadas em testar o conceito com os parceiros da iniciativa).
Todos os recursos financeiros serão concedidos em formato de doação. Na categoria criação, serão escolhidos até 20 empreendedores e receberão R$ 20 mil cada. Ao final, os cinco participantes que se destacarem dividirão R$ 250 mil.
Na aceleração, os dez escolhidos receberão R$ 40 mil cada, sendo que os cinco destaques dividirão R$ 1,1 milhão. Na inovação aberta, os dez escolhidos restantes ganharão R$ 50 mil cada, sendo que os cinco destaques dividirão mais de R$ 2,6 milhões, que deverão ser destinados à implementação de projetos pilotos e ao financiamento de provas de conceito.
Negócios de impacto são empresas que oferecem soluções para problemas sociais ou ambientais através do seu negócio principal. As empresas atuam de acordo com a lógica do mercado, com um modelo de negócios que busca retorno financeiro e se comprometem a mensurar o impacto gerado.
Esses negócios seguem os seguintes critérios: intenção de resolver um problema social ou ambiental; solução de impacto como principal atividade empresarial; busca de retorno financeiro, operando segundo lógica de mercado; e compromisso com o monitoramento dos efeitos na sociedade.
Títulos verdes
O secretário do Tesouro destaca certa semelhança da iniciativa com os títulos verdes, títulos lançados no mercado internacional que arrecadaram até agora US$ 4 bilhões para projetos sociais e ambientais. Desse total, US$ 2 bilhões foram arrecadados em novembro do ano passado e US$ 2 bilhões neste mês.
“Em mérito e em conceito, há uma semelhança [com os títulos verdes]. Basicamente, estamos realizando um conjunto de iniciativas que reforçam a marca do Tesouro Direto como algo além de uma plataforma de oferta de títulos rentáveis, uma plataforma de educação financeira e impacto social”, acrescenta Ceron. A diferença está na origem dos recursos porque Tesouro Direto Impacta, nome da iniciativa, não envolve diretamente investimentos em títulos públicos, mas sim a taxa de custódia paga à B3.
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